O perigo (Sic) do bloco monolítico

Genoíno bate na “aprovação automática”, um tema escolhido pelo Maluf. Fala do pedágio e lembra Maluf. Alckmin agradece a falta de um norte próprio e conseqüente perda de tempo do opositor que, se tivesse certeza da vitória do Lula, teria defendido desde o primeiro turno a “dobradinha para o bem de São Paulo”. Alckmin tem tudo para ganhar e dividir o bloco petista (monolítico): prefeito Edinho dentre outros, prefeita Marta e presidente Lula. Se Genoíno ganhasse, o nosso Estado poderia perder o equilíbrio. É como na democracia dos Estados Unidos: democratas e republicanos têm freios e contrapesos ditados pela cultura de seus eleitores. São Paulo, possivelmente, apresenta-se esclarecido para permitir o equilíbrio, ainda mais com a qualidade do atual governador.

Para presidente, Lula ganha porque Serra escolheu o emprego como apelo central. Ora, isso sempre foi papel do Lula. Portanto, o esforçado candidato do PSDB colocou azeitona na empada petista. Ainda mais com a realidade doída de milhões de desempregados, baixo poder aquisitivo dos salários, poucos trabalhadores com carteira assinada e a maioria na informalidade. A inflação domada serviu à reeleição de FHC, com efeitos colaterais. Lula encarna a mudança, pretensão da família brasileira, cansada de tanta violência. É óbvio que existe o risco de não se atender à expectativa popular e o caldo proliferar bactérias da discórdia. Assim, como foi prometido em repetidos discursos, chegou a hora de se viver numa sociedade justa, igualitária. É impossível existir paz e respeito humano quando 10% da sociedade detêm 90% da riqueza e 90% da população equilibra-se fraternal e milagrosamente com apenas 10% de bens. Quantas famílias e jovens (até universitários) encontraram trabalho na venda de drogas?

Sem preconceito, com seriedade, passa da hora de se discutir o tema, inclusive, com a idéia do advogado Evandro Lins e Silva que, do alto de seus 90 anos, defende a descriminalização e venda do produto em farmácias através de uma receita médica. A droga sairia, assim, da esfera criminal, pois, combatê-la à bala não dá. Está aí o Rio de Janeiro para mostrar o poderio das facções de presos contrapondo-se à força policial.

O PT pode transformar, mas, em meio às peixões, emoções e polarização partidária cabe sublinhar que o país está mais maduro e busca alternativa para escrever outras páginas de sua história. Que os políticos vencedores entendam o recado das urnas e saibam respeitar a confiança depositada. Lula não é mito, como afirmou um marqueteiro derrotado. A realidade horrorosa (desemprego e escassez de dinheiro na praça) impulsionou a bandeira oposicionista, há muitos anos, hasteada no campo e na cidade.

Isso posto, vote tranqüilamente e sem medo. Trata-se de um fenômeno contextualizado pela natural alternância de poder. É a democracia: bela, mesmo com algumas acnes próprias da fase de crescimento.

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