Washington Coutinho Pereira, gerente do Codecom desde fevereiro do ano passado, veio morar em Araraquara aos nove anos de idade.
Professor de Direito do Consumidor, Direito Comercial e de Noções de Direito Civil, no Senac, Washington afirma que gosta de lecionar e que considera satisfatório estar sempre em contato com os alunos, transmitindo seus conhecimentos e trocando experiências.
Indicado por Sarah Coelho Silva para ser o destaque em Gente nesta edição, ele concedeu um entrevista à reportagem. Confira:
JA – Quem entende a essência do próprio trabalho tem mais chance de progredir?
WCP – Todo trabalho é importante e digno, porém a maioria das pessoas não tem real entendimento disso. O profissional que descobre a importância do trabalho que realiza, além de progredir tem mais prazer no que faz.
JA – Dizem que hoje o computador é capaz de resolver 70% do trabalho feito pelo homem. E os 30%?
WCP – Os 30% restantes ficam por conta da criatividade. Nesse quesito não há computador que substitua o homem.
JA – É ela quem diferencia?
WCP – Hoje, mais do que nunca. Eu conheço profissionais excelentes tecnicamente que não “decolam” pois enxergam o mundo todo “redondo”, não vêem outras alternativas para aquilo que fazem. Isso é muito ruim.
JA – Estudar, estudar, estudar… É assim a vida de um advogado?
WCP – Reciclar sempre. Quem pára fica para trás, não dá para evitar. O Direito é dinâmico, muda a todo momento, na mesma velocidade das mudanças sociais.
JA – Tantas leis, tantos códigos…
WCP – Toda legislação tem sua função, apesar de alguns legisladores não terem a exata proporção disso.
JA – Ainda aasim há os que não querem cumprir.
WCP – Quem não cumpre a lei poderá sofrer as sanções nela previstas, afinal, esta é a função da lei.
JA – Porque há os que subestimam as leis?
WCP – Muitos apostam na impunidade. Existe diferença entre subestimar e questionar. Questionar sempre, subestimar nunca.
JA – Eles seguem o provérbio “De que serve correr se está no caminho certo”?
WCP – O caminho errado é aquele que leva à impunidade. Sem sanção efetiva, não se cumpre a legislação.
JA – O que mudaria no País?
WCP – O grande problema do Brasil é a distribuição da renda. Uma melhor distribuição gera mais justiça social, menos violência e menos miséria.
JA – A capacidade de decisão é limitada?
WCP – Você decide na medida de sua visão do mundo. Quanto mais experiências, mais opções de decisão.
JA – Desde quando está envolvido com o direito do consumidor?
WCP – Advoguei seis anos na área trabalhista e há dois me especializo em Direito do Consumidor. Os planos são de advogar nesta área daqui para frente.
JA – Quais as maiores dificuldades?
WCP – O maior obstáculo para quem advoga é a demora na solução dos processos.
JA – Como se sente quando a Justiça falha?
WCP – Fica um vazio dentro do peito da gente e um sentimento de revolta e impotência.
JA – Principalmente porque ela é morosa?
WCP – Poucos juízes, muitos graus de recurso, punição pouco efetiva. Se aquele que recorre para protelar o processo fosse punido efetivamente, os processos seriam mais rápidos.
JA – E o estresse da profissão?
WCP – Isso é barra pesada. Um advogado morreu ou foi de infarto ou derrame. Quem não se previne (exercícios, alimentação), já sabe o final da história. É preciso dar um tempo para a cabeça, também do contrário não dá para agüentar. Eu mesmo já fiquei doente por causa da tensão do dia-a-dia, mas depois do susto aprendi o caminho das pedras.
JA – O que representa ter uma boa qualidade de vida?
WCP – Equilíbrio – trabalho, lazer, satisfação profissional e satisfação pessoal.
JA – Quais suas expectativas para o futuro de sua filha?
WCP – Giovanna tem cinco anos. Espero que ela tenha oportunidade de ver um país mais justo, com menos diferenças sociais.
JA – Mensagem
WCP – Uma vez ouvi a história de um viajante que, ao visitar um monge tibetano, reparou na simplicidade em que ele vivia. E olhando para a pouco mobília que existia na casa perguntou: “Mestre, onde estão tuas coisas?”. O monge respondeu: “Onde estão as tuas?” E o viajante falou: “Eu estou aqui de passagem”. O monge: “Eu também”. Todas as vezes que bate o desânimo, eu lembro que estamos aqui de passagem.