Vestindo a camisa de vereador para enfrentar a mesmice da maioria de seus nobres pares, Edinho conseguiu tornar factível a sua candidatura a prefeito. Um fato meritório, ainda mais que sua origem, como a da maioria da comunidade, foi humilde. Sem o berço de ouro que, para alguns, é motivo até de infindáveis horas de terapia porque receberam o bolo prontinho para ser digerido e não conseguem administrar a idéia de inutilidade.
Edinho, o político emergente contou com apoio de vários movimentos sociais, inclusive da igreja, na empreitada de alavancar a imagem de defensor do povo a fim de chegar à posição de destaque no cenário político. Foi o “rei das denúncias”, inquestionavelmente o vereador que mais bateu às portas do Judiciário. Não é hora de qualquer juízo de valor. Resta, como principal, sublinhar a sua liderança como denunciante para, em seguida, inserir a Guarda Mirim de Araraquara nessa esteira. Contando com a ajuda da imprensa que ampliava a sua voz legislativa e pressionava, diariamente, as autoridades a tomar uma providência saneadora.
A maioria da população, à luz legal, sabia que o exercício do guarda-mirim poderia estar camuflando uma eventual relação empregatícia, mas, os resultados eram tão bons, positivos e socialmente espetaculares que a instituição de Araraquara tinha razões de sobra para continuar o seu trabalho. E, no caso, alguns empresários e festejados profissionais liberais anunciavam, orgulhosamente, ter tido uma gratificante passagem pela GMA. Apressamos em afirmar que não cabem, neste editorial, fatos acidentais como o menino que perdeu um dedo ou a menina (integrante da Guarda Mirim Feminina que nasceu à sombra da masculina e que se perdeu nas suas finalidades) que teria ficado grávida sem receber apoio previdenciário-psicológico da então empresa conveniada, a CTA.
As normas legais, notabilizadas pelo caráter genérico, ancoravam a denúncia do vereador Edinho Silva e o trabalho da GMA, de extremo valor social, acabou sendo abortado. Talvez – e mergulhamos no rio aleatório para ilustrar o valor daquela enorme canoa de bons propósitos – talvez, hoje não estivéssemos testemunhando centenas de jovens, adotados pela droga, com atos nitidamente tipificados pelo Código Penal.
Agora, numa restia de bom-senso, como uma alternativa para sair do emaranhado violento que envolve nossas crianças e adolescentes, o vereador Idelmo Pereira propõe o retorno da Guarda Mirim. Conta com o apoio da Casa de Leis.
A pertinência dessa história, envolvendo a denúncia do vereador Edinho Silva que foi a ponte para chegar ao fim da Guarda Mirim de Araraquara, ganha corpo com este questionamento: até aonde o prefeito Edinho silva terá vontade de resgatar a Guarda Mirim?
N.R. O prefeito Edinho Silva não tem sido tão democrático. Quando questionado, entendendo que o interlocutor atingiu a sua investidura, tem procurado amparo nos braços da Justiça. Chega a dar saudade de seu contraponto enquanto vereador sequioso por espaço na mídia e alimentador de debates. Mas, para deixar cristalina a posição do JA, reservamos um espaço semelhante para a eventual resposta.