N/A

O Brasil e a opção Chinesa

Antonio Delfim Netto(*)

Após desperdiçar dois meses e meio com argumentação irrelevante, o COPOM finalmente concedeu em reduzir 0.25 pontos a taxa básica de juros da economia, sem viés de baixa. Nesse período, o debate econômico esteve alheio às questões realmente substantivas sobre a retomada do crescimento, concentrando-se praticamente no problema da inflação e sua sacrossanta meta anual de 5,5%. Na realidade, passamos todo o tempo procurando pêlo em casca de ovo, como me parece ter sido também a percepção do presidente Lula, evidenciada no seu comentário durante a última reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social: “concentrar toda a política econômica na redução dos juros é absolutamente ineficaz”…

É preciso abandonar de vez essa idéia que crescer ou não crescer depende da taxa de inflação! O Banco Central não tem condições de promover o desenvolvimento econômico. No máximo, ele pode não atrapalhá-lo, estabelecendo uma taxa de juro real de longo prazo que estimule os investimentos, seja compatível com uma taxa cambial que assegure o financiamento do déficit em conta corrente e ajude a manter a economia próxima da plena capacidade e do pleno emprego. O que não é possível é continuar admitindo que qualquer variação de preços que ameace o estrito cumprimento da meta de 5,5% de inflação, sem sequer considerar o intervalo entre 3 % e 8 %, resulte em se manter a economia brasileira travada pelas mais altas taxas de juro do mundo!

Tivemos um exemplo disso quando em fevereiro o COPOM decidiu segurar a taxa SELIC em 16,5% para se prevenir de possíveis efeitos inflacionários derivados da alta de preços das commodities no mercado mundial. E por que, na verdade, estão subindo os preços de produtos como a soja e seus derivados, os minérios, o aço e tantas outras commodities? Porque a China está comprando, porque a China está se tornando um gigante econômico e fez uma opção clara pelo desenvolvimento acelerado. E qual a escolha do Brasil, na estreita concepção de nossas autoridades monetárias? Será que, enquanto a China estiver crescendo, exportando, ampliando sua participação no comércio mundial, o Brasil deverá encolher? Devemos nos preparar para subir as taxas de juro se a Índia ou a Rússia (que estão crescendo) aumentarem suas compras no mercado mundial? E quando o Japão voltar a crescer, como nas décadas passadas?

Enquanto prevalecer essa visão equivocada, estaremos condenando o Brasil a ser um mero coadjuvante da cena mundial, abrindo mão docilmente de seu crescimento para não atrapalhar o desenvolvimento dos seus parceiros mais aguerridos e competentes.

(*)E-mail: dep.delfimnetto@camara.gov.br

Compartilhe :

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

“Grande Carnaval na Bento de Abreu “Tradição da Alegria” encerra a programação de Carnaval na terça-feira (04)

Show nesta sexta-feira no Sesc Araraquara

Espetáculo de circo neste sábado no Sesc Araraquara

Oficina “Personagens minecraft de papelão” neste sábado no Sesc Araraquara

Carnaval neste sábado no Sesc Araraquara

CATEGORIAS