O BNDES e a indústria

Antonio Delfim Netto (*)

Finalmente está começando a aparecer no horizonte o início de um processo de crescimento da produção industrial, ainda lento, não muito nítido mas persistente: o BNDES vem registrando um aumento da demanda de projetos. Vários setores de bens de consumo estão tirando das gavetas os seus planos de expansão e reativando os investimentos. Grandes setores, como o de papel e celulose ou da mineração, saíram um pouco na frente e já estão investindo para aumentar rapidamente a produção.

Receio estar sendo repetitivo, mas nada é mais importante nesse momento do que facilitar o crédito a esses empresários que depois de 10 anos em que procuraram apenas se manter à tona estão recuperando o ânimo para investir na expansão da produção, estimulados pela perspectiva de crescimento do consumo. O BNDES tem a oportunidade de realmente prestar um grande serviço ao país, como fez no passado, colocando os recursos que são volumosíssimos à disposição desses empresários que têm a coragem de tomar riscos nesse momento. Há realmente uma expectativa de que estamos no limiar de uma nova etapa de desenvolvimento estável e duradouro. É importante apoiar esses investimentos com a concessão de crédito a preços adequados e na quantidade necessária, porque é deles que vai depender se vamos atingir o objetivo do crescimento ou se vamos permitir que ele se frustre mais uma vez.

Apesar de todas as dificuldades desses últimos anos, o setor industrial brasileiro dispõe da tecnologia que lhe permite produzir a custos competitivos e expandir as exportações rapidamente, ajudando a resolver o grave problema do balanço de pagamentos que não pode ficar na dependência exclusiva do crescimento do setor agropecuário. Embora este venha garantindo o fechamento das contas externas nos anos recentes (na verdade evitou o “default”), não é imune a crises decorrentes de fatores internos, como o comportamento do clima e a praga que atacou a cultura da soja na última safra e por fatores externos, como a reviravolta no comércio de grãos com a China.

E é o setor industrial que oferece as melhores condições para encurtar o tempo de resolver o mais terrível problema brasileiro, o desemprego. Por esta razão, não podemos perder mais esta oportunidade.

(*) E-mail: dep.delfimnetto@camara.gov.br

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