Novas tecnologias na escola pública

A Profa. Maria Augusta Bernardo Marques de Mendonça (Orientador: Edson do Carmo Inforsato – Tamoyo), na Pesquisa de Mestrado (UNESP – Araraquara) fala de “Novas tecnologias na escola pública estadual – Estudo sobre as dificuldades dos professores de matemática e outras disciplinas na utilização do computador com seus alunos”. Confira…

JA – Como o computador influencia a sociedade?

M.A.B.M.M. – O computador vem determinando mudanças na forma de agir e pensar das pessoas em todos os aspectos sociais: entrando em seus lares alterando rotinas com a Internet ou por meio de chips agregados aos aparelhos eletrônicos; no comércio em geral, facilitando as consultas preços ou pagamentos por meio de cartões eletrônicos; agilizando serviços bancários; auxiliando pessoas especiais; e entre outras aplicações, despertando o interesse da criança para o conhecimento.

Qual o papel das novas tecnologias na educação?

Segundo Tedesco (1998): “as tecnologias nos dão informação e permitem a comunicação, condições necessárias do conhecimento e da comunidade. Porém, a construção do conhecimento e da comunidade é tarefa das pessoas e não dos aparatos. É aqui que se situa, precisamente, o papel das novas tecnologias em educação, o uso deveria liberar o tempo que agora é utilizado para transmitir ou comunicar informação, e permitir que ele seja dedicado à construção do conhecimento, e vínculos sociais e pessoais mais profundos”.

Concordo com o autor, pois o computador sendo utilizado corretamente no ensino poderá ser um forte aliado do educador, como um transmissor de informações por meio das pesquisas em sites educativos, em enciclopédias eletrônicas ou em software educativo. Assim, o educador estaria facilitando a informação, orientando na construção do conhecimento dos seus alunos e atualizando-se automaticamente.

Como os alunos se sentem usando a informática?

Convivo com adolescentes utilizando o computador, na rede pública de ensino, e percebo que fazendo uso correto ou incorreto, sentem-se importantes diante da máquina. Temos que considerar que os alunos aprendem em múltiplas e variadas situações, chegando à escola com informações oferecidas pela tecnologia da comunicação tais como: rádio, televisão, outdoors, shopping centers. No cotidiano, os alunos têm contato com alguns aparelhos eletrônicos como: relógios digitais, calculadoras, vídeo-games, discos a laser, gravadores e muitos outros. Segundo Kenski (1996), “O mundo desses alunos é polifônico e policrômico. É cheio de cores, imagens e sons, muito distante do espaço quase que exclusivamente monótono, monofônico e monocromático que a escola costuma lhes oferecer.”

Alunos diante do computador, e bem orientados, produzem de maneira admirável em relação à mesma atividade dada em sala de aula. De forma geral, a produção de matemática nas salas de aulas das 8ªs séries, da rede pública, são pobres de conteúdo, tendo que resgatar, a todo o momento, conteúdos das séries anteriores e com muita dificuldade para atingir a compreensão de uma grande maioria. No entanto, na sala de informática temos software educativo que auxilia nesse resgate, com grande vantagem, respeitando o nível de conhecimento e o tempo de cada aluno na reconstrução das etapas anteriores. Assim, o aluno além de sentir-se importante, também percebe que é respeitado. Entretanto, o professor precisa estar preparado para saber orientar para que aconteça a construção e reconstrução do conhecimento.

O governo está incluindo adequadamente a informática na educação?

Desde 1997, foi instituído o PROINFO – Programa Nacional de Informática na Educação, que visa à introdução das NTIC – Novas Tecnologias de Informação e Comunicação na escola pública como ferramenta de apoio ao processo ensino-aprendizagem. As diretrizes do programa foram estabelecidas pelo MEC – Ministério da Educação e Cultura e pelo CONSED – Conselho Nacional de Secretários de Educação. Em cada unidade da federação, há uma CE/IE – Comissão Estadual de Informática na Educação, cujo papel principal é equipar as escolas públicas de ensino médio e fundamental e capacitar os docentes. Assim, foram criados NRTE s – Núcleos Regionais de Tecnologias em algumas cidades com o objetivo de dar assistência as escolas que participam desse programa.

Apesar do empenho dos NRTE’s, as escolas públicas participantes do programa da PROINFO ainda apresentam resultados insatisfatórios.

Por que sua pesquisa é direcionada às dificuldades dos docentes?

Tenho uma longa experiência com tecnologias, fui coordenadora de informática educacional em NRTE (alguns meses) e em escola privada (durante dez anos). Nesse tempo, capacitei professores, vivenciei as dificuldades dos professores e criei estratégias para dar conta dos problemas.

O que a motivou para esta pesquisa?

Minhas inquietações a respeito do panorama escolar apático, as inovações das ferramentas de ensino, com salas de informática equipadas e fechadas, deixando de dar oportunidade de inclusão digital aos alunos de baixa renda.

Na época de minha atuação em escola privada, enfrentava tanto os obstáculos pessoais dos docentes quanto outros administrativos. Diante disso, pude supor que na escola pública esses obstáculos teriam a tendência crescente.

Professores de matemática têm mais facilidade para utilizar os computadores?

Pelos resultados da pesquisa percebemos que de modo geral as dificuldades são iguais e que os destaques eram provindos de méritos próprios, e não especificamente, ligados a uma determinada disciplina.

Podemos considerar um fato importante que a ousadia, ou seja, o interesse inicial pela capacitação em informática educacional partiu dos professores de matemática e ciências. Entretanto, na situação de persistência os resultados foram mostrando igualdade entre professores de português, matemática, história e geografia.

Quais as dificuldades desses professores?

Considerando os diferentes aspectos que influenciam nas dificuldades pessoais, ou seja, na insegurança dos docentes, temos: a forma de capacitar; o local de capacitação; o ambiente de trabalho; o apoio da direção, coordenação e monitores de informática; o plano de aulas; o tempo para preparação das aulas; a adaptação dos recursos disponíveis (máquinas, softwares educativos e internet) e outros.

Como capacitar docentes inseguros com os computadores?

Considero como forma ideal o estímulo à criação de planos de aulas que busquem explorar os possíveis recursos tecnológicos para atingir os objetivos pedagógicos, tendo a oportunidade de testá-las antes da aplicação definitiva.

Quais as perspectivas docentes em relação às novas tecnologias de ensino?

Notamos a curiosidade pelos recursos tecnológicos da SAI; o interesse pela formação continuada; a consciência das necessidades de seus alunos pelas as novas tecnologias; a procura por outras formações; e o compromisso com as etapas do projeto de ação. Entretanto, observamos que existem inseguranças não tratadas promovidas por diferentes motivos, como: pelo tempo não previsto para a preparação de aulas com as novas tecnologias; pela grande quantidade de informações contidas em softwares educativos; pelo excesso de movimentações dos docentes entre escolas promovidas pelas atribuições de aulas e a ausência da valorização profissional.

Compartilhe :

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Nove dicas para controlar e reduzir o estresse

Daae informa sobre desabastecimento de água

Escola da Inclusão da SEDPcD abre inscrições para curso de Introdução em Libras nesta terça (8)

Prefeitura realiza 1° Feira de Mulheres Empreendedoras da Zona Norte nesta quinta (10)

FliSolzinha apresenta contação de história “A Coroa de Fios” nesta quarta-feira (9)

CATEGORIAS