A borboleta voou, voou novamente, foi para um lugar tão distante que eu pensei que a tivesse perdido. Quase iludido procurei-a por toda parte e onde ela poderia estar. Neste país tão grande, era muito difícil localizá-la. Meu telefone andava na minha mão o dia inteiro numa procura desesperada e nada, a cada hora a saudade aumentava sem sequer saber onde ela estava: São Paulo, Santos, Ribeirão eu não sabia não. O tempo passava e as horas pareciam nem acabar.
Cada minuto era uma existência, uma ardência que doía e machucava só por não saber onde ela estava. A borboleta voou, voou e desapareceu e eu como iria ficar sem a borboleta. Nada mais tinha sentido, nada mais me interessava, tudo perdera seu valor, pela borboleta um grande amor. Alguém já sentiu saudade duma borboleta, não daquelas coloridas nem daquelas pretas nem de cores comuns nem de cores sempre iguais. Ela era a mais linda: asas douradas, olhos azuis, perfumada…não tinha parada programada, por ser diferente e impressionar gente, deixando um mundo de apaixonados pelo seu modo de ser, pelo seu jeito de voar. Parece que sorria pra gente só para se mostrar, escapou da gaiola, escapou do meu lar. E no desespero procurei-a por todos os lados sem nem ver, nem encontrar. Um dia, dois, três uma semana e o coração já não aguentava mais e ela voava sem fugir, dava asas à sua mediação, enchia de amor seu coração, pensava na sua casa e queria muito voltar. Mas, depois de voar tanto onde seria este lugar para encontrar seu amado e fazer festas ao namorado, pois, só para ele sabia festejar. O vento que a levou devagar, trouxe-a de volta muitos dias depois. Quando tudo parecia perdido eis a borboleta de asas douradas e olhos azuis ressurgindo, cansada da viagem tão distante, com sorriso e afeição. Os seus filhos e seus netos eram uma festa. Só ele, na tristeza, quase tendo-a perdido em princípio, nem deu ouvidos, nem sequer quis vê-la. O sofrimento, a saudade, a angústia, o desespero foram tantos que, além do pranto e da grande dor, só resistiu o amor.
Ela prometeu que nunca mais iria sair para tão longe sem avisar. Na realidade era só esperar e compreender sua aflição de andarilha voando de ilha em ilha, com a gente no coração. Linda borboleta o que já fizeste foi doloroso e insensato, foi triste e desagradável, quase morri de paixão. Não voe borboleta, nem nunca mais me deixe aqui no chão te esperando com grande paixão.