O tempo só existe no conceito da gente: quando tudo é festa ou graça, quando a saúde borbulha, com a maior intensidade, quando a gente nem sabe o que é doença a não ser aquilo que se ouve dos outros e quase nada nos diz. Todos os dias do ano, se houve doenças graves e mortes, por isso ou por aquilo e como seres humanos a gente vai levando na esportiva. A não ser quando morre alguém muito chegado da gente, aquele sentimento fica nos perturbando. Não existe céu nem inferno tudo é construído aqui mesmo, na terra. É aqui que se pagam os pecados, se é que eles existem na verdade. É aqui que as pessoas boas vivem o céu de felicidade e encontram tudo que sonharam ou pediram. Dizem os leigos que quando a gente morre só muda de espaço, entra numa outra órbita nem se é para aprender ou esperar para voltar numa outra perspectiva bem mais sabido ou aprendido. Eu acredito que vivi muito mais no céu do que no tal inferno terrestre, tive muito mais alegrias e bonança do que tristezas e desilusões. Deus me deu seis filhos, cinco homens e uma mulher, todos preciosos. O que haveria de melhor? Ah! Não pode haver nada melhor neste mundo do que ter seis filhos, todos maravilhosos. Até esta altura de minha vida tenho onze netos, todos puxaram a honestidade e bondade dos seus pais, o que me orgulha muito e me torna um dos homens mais felizes deste mundo. Não pode haver maior riqueza do que filhos como os meus e isso é o suficiente para que eu possa viver condignamente e contente. Durante a vida tive tudo aquilo que eu desejava ter em fartura e conforto, sempre cuidando deles. Hoje, eu sei que estive sempre certo pois o que produzi responde por aquilo que eu queria, com muita força. O carinho e respeito dos filhos e dos netos pela gente só nos dão prazer e alegria. Aparentemente, todos vão muito bem nas suas funções: bons alunos, bons filhos, educados, comportam-se bem em qualquer circunstância, nada de doenças, nada que incomode… tudo é perfeito e saudável.
Foi preciso que esse malvado coração tomasse estas atitudes para que eu sentisse cada vez mais a candura e amor dos meus filhos, em todas as horas. A união familiar que já era grande, com a tal de doença inesperada juntou mais. Eles me dão todo esse carinho e, o tempo todo, demonstração de irmandade e ternura. O que se pediria mais para Deus, que esta vida? Não tem um erro sequer, não tem nada de estranho, é só amor e carinho. O resto a gente nem percebe que existe, pois, mais importante que isso não existe nada nesta vida.
