Nhô Pedro

Quando a gente se vê só, quando não existe nada além de si, quando aquela casa, que era tão grande com os filhos, se torna insuportável, pois, agora, não há ninguém à sua volta: cada um está cuidando de sua vida, lá fóra, bem longe de seus olhos…resta agradecer suas virtudes a Deus. Pois, todos eles são bons e cuidam direitinho de suas respectivas famílias. Mas, e você? Você é, na realidade, um perdido no espaço, um ninguém no contexto social, independente e se cuida sózinho. Então me pergunto: pra que tanto trabalho, pra que tanta preocupação, pra que se arrebentar nesta vida? Pra chegar a isso, só isso? Os dias da semana passam nua boa, pois sempre há algo pra ser feito. Mas, o sábado e domingo, são por demais doidos e tristes. A gente adora nossa casa, e nela fica curtindo a solidão, a distância dos filhos e parentes. Quando a gente vive em função da poesia, existe uma desesperança na vida atual, acrescentando a solidão e a tristeza de estar longe dela. Vivia de pensamentos perdidos na juventude, onde tudo era sonho e ilusão. Onde os amores eram correspondidos e atendidos naquilo que se queria. Mas nada deu certo e os amores se acabaram. Os dias mudam e a realidade é que se manifesta tornando tudo difícil, quase impossível. Eram boas as poesias, as namoradas, campeão de futebol, ser alegre e dançante, carnavalesco e compositor de samba-enredos. Era muito bom curtir a mocidade e as agruras da passagem do tempo quando nasciam os filhos…

Era bom ser dentista na capital, curtir o litoral, assistir os encontros de futebol, tudo era festa. Os congressos, diplomas e conhecimentos. De repente, tudo muda, os filhos crescem, a vida vai ficando diferente, a gente deixa de ser gente indiferente e as coisas atuais parecem que vão de mal a pior. Não é a situação financeira e nem as outras coisas da vida que entoam. Você nem tem mais aquele jeitinho de conquistador. De repente deixa de ser doutor. Vai se afastando devagar, para as coisas não parar. Vai ficando quietinho como pássaro no ninho, eternamente sózinho. Buscar o quê nos cantos da casa ou lugares que frequenta? Só a televisão, com falsos programas. Com coisas que enchem a gente de teorias, coisa do dia ou da noite, quando pouco se dorme. Só os amores da juventude que eram doces e gentís enchem a alma da gente. Daquilo que era bom e sempre será, só os amores fazem a gente viver!

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