Quero aproveitar as emoções do Natal para lembrar dos velhinhos que curtem um asilo, depois de fazerem tudo aquilo que sabiam para os filhos. Desta forma, segundo um amigo, melhor seria não tê-los. Numa mesa enorme eu me sinto o próprio Cristo quando lhe afirmaram que a sua Mãe e Irmãos estavam procurando-o. Ele responde:
– Mãe e Irmãos são aqueles que comungam com as minhas idéias, que falam a minha língüa, que crêem nas mesmas coisas e não aqueles que sequer escolhi.
Ao meu lado a lembrança de meu pai que, talvez, não tenha sabido demonstrar o amor. Ou eu não me dei a ele de maneira mais direta, que era merecedor. Foi preciso muito sofrimento para entender isso e admirá-lo como ele era. Consegui beijá-lo, com carinho, só depois de morto. Há, também, a doce lembrança de meu avô que tanto admirei. Era tanto o amor por ele que devo ter feito meu pai sofrer. Meu avô foi o marco, ídolo, a fórmula certa de tudo. Demorei muito para saber que ele era a mistura que gostaria de sentir em meu pai. E meu pai era tudo isso, eu é que não soube ver.
Na grande mesa, a figura feminina de Deus. Aquela que o sofrimento fez dela o consolo para qualquer de nossas frustrações. A luz que ilumina nossas trevas, a esperança do desespero e a segurança da fé.
Se olhasse melhoria veria as “entidades” que nos cercam no dia-a-dia, no sofrimento e na alegria, com a luz que emanam para a nossa vida.
Alguns sábios afirmam que os filhos não são nossos, mas, do mundo. Isso, no entanto, não nos conforta porque somos, por temperamento, egoístas.
Olhando firmemente, para dentro de nós, dá para vislumbrar uma grande luz. Ela não nos deixa sentir a dor da solidão, causada pela distância dos que são sangue de nosso sangue. A ampla e forte Luz do Universo está em nós e, assim, preenche os que confiam e amam o Pai.
Natal é, pois, Amor. Só amor…sempre, porque sempre é Natal!
