Nasci de um parto difícil, minha mãe era quase uma criança. Os antigos lá de casa dizem que demorei quatro dias para nascer. Minha mãe perdeu o leite e minha avó, que tinha uma criança de cinco meses, foi quem me amamentou. Isso pode ter gerado a minha paixão por ela. Ainda mais que como primeiro neto, até 10 anos, fui criado pelos avós. Quando meu pai se mudou para Catanduva acharam que deveria acompanhá-lo. Na verdade, me sentia rei na casa da minha avó. Com todo carinho e proteção de meu avô que não fazia nada sem a minha presença. Meus pais moraram na fazenda de meu avô, no Mogi, mas, eu continuei em Araraquara pertinho de quem amava e respeitava. Estava na quarta série do grupo escolar quando fui convidado a acompanhar minha família. Meu avô tinha um carro último tipo, uma camionete, um caminhão grande e uma chácara que dava de tudo.
Na passagem do ano eu é que tinha que ir à frente de minhas tias porque os italianos achavam que o primeiro do ano deveria ser masculino. Lá, além de rei, eu mandava e minhas tias me tratavam muito bem porque era só contar uma história pra vó e elas não saiam de casa.
Fui para Catanduva e fiquei dois dias chorando. Meu pai comprou tecido para minha vó e permitiu que eu voltasse. Mas, senti-me envergonhado e parei na casa de minha tia Iolanda. Pela manhã a vó foi visitá-la e chorou ao se lembrar de mim. Chegou a dizer que errou em deixar-me ir embora. Até que minha tia perguntou: e se o Neff estivesse de volta?.
– Ah! O pai fica com a filha e nunca mais vou deixar o Neff partir.
Era o que eu queria. Voltamos a ficar juntos e nos amando como sempre. No entanto, um dia ela resolveu me levar para Catanduva, mas, eu retornava a Araraquara em todas as férias. Amei meus avós mais que tudo na minha vida.