Em fevereiro, publiquei na imprensa um artigo (O Carnaval dos Aflitos), quando afirmei: “Chega de Intelectuais! Precisamos de gente que
faz. Quem sabe faz, quem não sabe terceiriza”. Fui indagado por vários
leitores, sobre o que eu quis dizer com tais afirmações. Explico:
Nada tenho contra a terceirização dos serviços, que já integra as economias das cidades, gerando empregos e impostos. Também não tenho nada contra os intelectuais de verdade. Só não acredito em quem lê meia dúzia de livros e desanda a apresentar soluções simplistas para os nossos complexos desafios.
Tecnocratas são uma praga na administração pública, pior ainda quando inventam de concorrer a cargos eletivos. Basta um diploma de sociólogo para se reivindicar, nas urnas democráticas, um lugar ao sol. Mais do que nunca, está evidente: “na prática, a teoria é outra”.
Somente a graduação universitária e um eventual bom desempenho acadêmico são insuficientes para habilitar um governante – e digo isso sem querer desmerecer os dois diplomas que possuo. É que eu acredito muito mais na minha experiência de vida, nos conhecimentos que acumulei ao longo de cinco décadas. Penso, sinceramente, que um político, em vez de cursos de metodologia, deva ter enfrentado e vencido uma boa quantidade de obstáculos.
Somente na efetiva atividade de mercado podemos compreender o quanto é difícil ser bem sucedido num país como o Brasil. As sucessivas políticas governamentais mais atrapalham do que ajudam.
A competitividade do mercado é mais complexa e fascinante que as pomposas teorias dos eternos escribas e atuais fariseus. Galgar os cargos diretivos de empresas importantes e ser convidado para dirigir entidades representativas da produção são sinais evidentes de competência. Ou seja, ter boas idéias e vontade de participar não depende de muitas leituras, e sim de vivência e um compromisso sincero com as comunidades.
Acredito nos intelectuais verdadeiros. Aqueles que dizem coisas sensatas e compartilham humildemente seu saber e suas dúvidas. Acredito, por exemplo, no Pai da Psicanálise, Sigmund Freud, quando ele disse que “os homens são fortes enquanto representam uma idéia forte, enfraquecem-se quando se opõem a ela”. Acredito também no genial escritor francês, Victor Hugo, quando afirmou: “Não há nada como um sonho para criar um futuro”. Concordo com Albert Einstein, quando escreveu: “Procure ser um homem de valor, em vez de ser um homem de sucesso”. Como o imortal cineasta Charles Chaplin, também acho que “o tempo é o melhor autor: sempre encontra um final feliz”.
Com Mahatma Gandhi aprendi que “a força não provém da capacidade física, mas da vontade férrea”. Com o filósofo francês, Jean Paul Sartre, percebi que “ninguém deve cometer a mesma tolice duas vezes. A possibilidade de escola é muito grande”. Mas foi o sábio chinês, Lao Tse, quem me revelou a missão do verdadeiro político: “Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo toda a vida”.
Mas o que mais intrigou foi conhecer a constatação de H.L. Mencken. Ele descobriu que “na História Humana, não há registro de um filósofo feliz”.
Por que será? Eu nem imagino. Está aí uma tarefa interessante para os
intelectuais de plantão. (Roberto Paulino)