Marilene Volpatti
O tempo em que as mulheres eram as maiores vítimas da traição já se foi. Pesquisas indicam que o número de mulheres casadas, com relações extra-conjugais, é praticamente igual ao de homem.
Quando se fala na palavra infidelidade, assusta. Pessoa, alguma por mais aberta que seja, concorda que é natural trair. É sempre um grande golpe na auto-estima. As causas que levam a infidelidade são muitas, e há casos, onde o parceiro traído é o maior responsável.
Para alguns psicólogos, infidelidade sexual não existe, porque acham que sexo é uma coisa e amor é outra. A infidelidade está no que sentimos pelo outro e não no fato de se ter relações sexuais extra-conjugais.
Fiel é aquele que cumpre aquilo a que se obriga. E é desta forma que o analista em comportamento vê o compromisso, geralmente implícito, de duas pessoas que se amam só se relacionarem, sexualmente, uma com a outra.
O indivíduo passa a vida toda procurando uma pessoa para suprir a relação de simbiose que tinha no útero da mãe. Por isso, acha que no amor verdadeiro tem que estar pendurado na outra pessoa todo o tempo. Daí o motivo de darem menos importância às amizades e jogarem todas as expectativas no objeto de sua paixão. Só que amor é uma coisa e sexo é outra. Podemos amar sem ter atração sexual e o contrário também, ter atração e não amar. O mais comum é acabar a atração e achar que acabou o amor. Aí o motivo de sair a procura de outra pessoa pela qual nutra dois sentimentos tão diferentes.
O grande vilão das relações sexualmente insatisfatórias é a crença de que, se amamos, só devemos desejar sexualmente o parceiro. Reprimir desejos não quer dizer eliminá-los.
Mulher que trai
Mesmo estando em novos tempos, numa sociedade um tanto quanto mais modernizada, a traição ainda é interpretada de forma diferente quando praticada por homens ou mulheres. Os machões dizem que tem por instinto – é a natureza! – ter um monte de mulheres. Já as mulheres traem geralmente, porque estão sentindo falta de romance em casa, quando sentem a rejeição do parceiro ou ainda, quando são escravas de seus companheiros e não conseguem impor suas vontades.
Por motivos morais pode-se controlar este impulso, mas é impossível impedi-lo de existir. É o caso de Liliane, secretária, 31 anos, que tinha relações sexuais fora do casamento. Seu marido não lhe dava a devida atenção. Procurou até sexólogo para ajudá-la. Mas o problema não estava com ela. Daí o motivo da “traição”.
Pode não ser o fim da relação
Não é porque teve um caso que é o fim do casamento. Depois de descoberta (revelada) a traição ficam mágoas mas, muitas vezes, permanece o amor e é possível a reconciliação. Pode-se passar meses ou até mesmo anos de trabalho psicológico até se conseguir restabelecer a confiança e a intimidade, desde que haja interesse de ambas as partes.
O importante é tentar entender o motivo da traição, aprendendo a aceitar os sentimentos que acompanham o trauma da infidelidade e destruir os comportamentos que bloqueiam o caminho para o perdão e a felicidade. Medo de ficar só, de prejudicar filhos ou de perder padrão financeiro não são motivos para continuar com um casamento fracassado, afirmam analistas.
Por outro lado, a disputa no mercado de trabalho e a consequente autonomia econômico-financeira da mulher, contribuem para se decidir hoje o que, em passado não muito remoto, era passível de sublimação.
Relações mais fiéis
Hoje em dia os casais estão mais fiéis. Quarenta anos atrás, as mulheres só pensavam em ter filhos. Agora o prazer pessoal está em primeiro lugar. Por isso, os casamentos não são mais indissolúveis. Se uma relação não está bem, a tendência é terminar.
Quando a escolha é de ficarem juntos, não tem porque homem e mulher traírem. A independência econômica deu muito mais direito de trair para a mulher. Ela obteve o direito de escolha, e isso é fundamental para se viver melhor.
As vezes, por necessidade infantil, a mulher arrisca uma relação sólida, onde existe companheirismo, amizade e segurança no sentimento do parceiro por uma grande atração sexual. Ela precisa pesar o que é mais importante: a paixão, o romance ou o companheirismo.
Desde criança a mulher foi ensinada (através de livros, novelas e filmes), que no relacionamento é preciso ter encantamento, que o marido tem que ser o príncipe encantado. Se não houver encantamento na relação-casamento, é porque alguma errada está ocorrendo. Aí ela vai buscar este encantamento em outro homem. A culpa, evidentemente, não é nem dela, que busca uma coisa que a ensinaram e reforçam a todo instante que existe, e nem do homem, que por razões óbvias não pode preencher todas as expectativas da mulher.
A MATURIDADE é o passo certeiro não só para o casamento, mas para a vida em todos os sentidos. Infeliz daquele que acha que forte, sabe tudo e pode tudo. Será sempre un insatisfeito. E como dói viver na insatisfação…
Serviço
Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.