Médico de Ribeirão Preto conduz estudo que aponta carência na oferta de radioterapia no Brasil

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Foto: Divulgação - Gustavo Viani, médico e professor da USP de Ribeirão Preto, é o primeiro autor de estudo que aponta escassez de 121% na oferta de radioterapia no Brasil.

Os resultados da pesquisa coordenada por Gustavo Viani, médico e professor da FMRP/USP, foram publicados no site da The Lancet Oncology, no dia 14 de março

Gustavo Viani, médico e professor da FMRP-USP – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP – Universidade de São Paulo, é o primeiro autor de estudo que aponta escassez de 121% na oferta de radioterapia no Brasil. Os resultados da pesquisa foram publicados no dia 14 de março, no site da The Lancet Oncology, periódico líder mundial em publicações de pesquisas de alta qualidade.

O estudo desenvolvido por Viani juntamente com André Gouveia, Vanessa Bratti, Juliana Pavoni, Richard Sullivan, Wilma M. Hopman, Christopher M. Booth, Ajay Agganwal, Timothy P. Hanna e Fabio Moraes, constata uma discordância entre a distribuição dos casos de câncer e a disponibilidade de aceleradores lineares (LINAC) no Brasil.

“Desenvolvemos uma ferramenta utilizando o índice de escassez de LINACs para ajudar a priorizar o desenvolvimento da infraestrutura de radioterapia em todo Brasil e talvez no mundo”, acrescenta os autores.

O estudo de base populacional utilizou dados das estimativas do Instituto Nacional do Câncer de 2020, do Censo de Radioterapia de 2019 do Ministério da Saúde, dos relatórios do programa de expansão da radioterapia do Ministério da Saúde e do banco de dados da Fundação Oncocentro de São Paulo, para validar o índice de desabastecimento do LINAC. Os dados coletados são referentes ao número de novos casos de câncer no Brasil, número de LINACs por região e estado, número de casos da doença tratados com radioterapia, estado de residência do paciente, centro e local de tratamento de radioterapia.

A pesquisa, que apresenta resultados dos coletados entre 2 de fevereiro e 31 de dezembro de 2021, mapeou um total de 625.370 novos casos de câncer Brasil e 252 máquinas LINAC. Esse dado revela um índice de carência de LINAC de 221, ou seja 121% menos do que a capacidade de radioterapia necessária. O índice de escassez é maior nas regiões centro-oeste, norte e nordeste.

Professor da FMRP-USP, Gustavo Viani também atua como médico rádio-oncologista, especialidade responsável pela condução da radioterapia para o tratamento do câncer. É pesquisador clínico membro do LAGOG (Grupo Latino-Americano de Pesquisas em Câncer), com artigos publicados em revistas médicas internacionais, e autor de dois livros sobre radioterapia.

Ouvimos a araraquarense Juliana Fernandes Pavoni, que participa da pesquisa, a respeito. Ela destacou a importância da pesquisa. Disse o seguinte:

“Num cenário conhecido de falta de equipamentos capazes de realizar os tratamentos de radioterapia no Brasil, especialmente para pacientes do Sistema Único de Saúde, nosso estudo buscou estimar essa escassez de equipamentos por regiões geográfica do país. Pudemos desenvolver um índice que quantifica essa escassez de equipamentos com base no número de pessoas que precisam de tratamento radioterápico e no número de equipamentos disponíveis para tratamento, e com ele, pudemos ranquear os estados com maior carência de equipamentos.
No país todo, foi observada a carência de equipamentos, mas nosso ranqueamento tem o potencial de orientar os investimentos nesse setor para que essa carência seja suprida com base em dados concretos. Além disso, esse índice se aplica não só no Brasil, mas em outros países com problemas similares. Assim, sua adoção, associada a políticas públicas, poderia romper a barreira de acesso ao tratamento radioterápico tão necessário aos pacientes oncológicos.”

(Conceito Comunic – Comunicação Empresarial – www.conceitocomunic.com.br)

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