Lina Maria Arruda Mauro, coordenadora do Centro de Orientação Profissional (COP) da Uniara, concede entrevista em que fala sobre o seu trabalho junto aos jovens e como as pessoas podem contribuir para que os estudantes superar em as dificuldades na hora da escolha de uma carreira.
Indicada por Sarah Coelho Silva, Lina é o destaque da edição.
JA – O que é a orientação profissional?
LMAM – É um trabalho que expande o campo das informações sobre as profissões, sobre suas áreas de atuação de trabalho, conversas com profissionais atuantes, palestras, enfim uma gama de subsídios que favorecem o estudante. Além disso, hoje em dia, já estão sendo abolidos os testes vocacionais e os orientadores preferem conduzir o orientado a um contato consigo mesmo, ajudando-o a se conhecer a descobrir quais valores, interesses, motivações e potencialidades podem ser desenvolvidos no processo da escolha, minimizando sua ansiedade e insegurança, fatores que o impedem de escolher a carreira almejada.
JA – Os jovens de 17 anos estão preparados para essa escolha?
LMAM – Não existe uma “receita” para acertar no alvo, no entanto, o processo de escolha de uma profissão deve ser visto com muita seriedade. Aos 17 anos, o indivíduo é um adolescente que busca suas características pessoais e descobre seus valores, preferências, capacidade e, também, seus limites. Normalmente, nessa fase o fator emocional, com raras exceções, é predominante e o adolescente navega em suas fantasias, ou seja, em suas necessidades básicas; dinheiro, prestígio social, poder e tenta optar por uma carreira. O momento da escolha equivale, mais ou menos, a um momento de maturidade, quando se importam mais com a realidade, com as verdadeiras necessidades e com o mercado de trabalho. Acredito que com essa consciência adquirida tenham condições de escolher melhor uma profissão.
JA – Os pais também ficam confusos?
LMAM – É relativo, mas a grande preocupação dos pais nesse momento gira em torno da possibilidade do filho sair de casa; conviver com outras pessoas; medo, muitas vezes, que assumam os valores do grupo de amigos, deixando de lado os valores aprendidos com a família. Sentem-se meio rejeitados, afastados, achando que cao perder o controle sobre os filhos. Por isso é que o papel dos pais é fundamental na formação e seus filhos. O diálogo constante, a troca de experiências e o aconselhamento são importantes para criar uma intimidade entre eles e que nos momentos de dificuldade vão ser lembrados, ajudando muito na tomada de decisões.
JA – Essa influência é intensa?
LMAM – Existem pais que dão essa abertura para seus filhos, a liberdade de escolha. Outros, autoritários, se projetam em seus filhos, exigindo que eles sigam a mesma carreira. Ainda há os que se frustraram quando jovens e, por não terem conseguido realizar o seu sonho, esperam de seus filhos essa compensação e, aqueles que não se importam com nada, desde que o filho faça um curso de nível superior, “qualquer um”. Isso é inadmissível, pois o que os pais devem compreender é que os filhos não são sua continuação e sim seres à parte, que pensam, sentem, têm suas idéias. É a vida do jovem que está em jogo, é ele que tem que decidir o seu futuro. Os pais devem orientá-los sim, mas de forma amiga, sensata e sábia, respeitando a vontade dos filhos.
JA – Por que tanto medo do vestibular?
LMAM – Sabemos que o vestibular é necessário, mas que constitui uma angústia muito grande para o estudante, que no ato da inscrição, muitas vezes, já se sente derrotado, tal o número de candidatos que concorrem a uma vaga. Nessa época, os pré-vestibulandos sofrem uma verdadeira inquietação e passam a maior parte do tempo agoniando-se do que estudando. É um período de cobranças, que se sentem na obrigação de ingressar em uma universidade. É preciso que haja disciplina. Eles não precisam se violentar tanto, basta estabelecerem um método de estudo e confiar, afinal o vestibular não é um fantasma.
JA – As mulheres são maioria nas escolas?
LMAM – Segundo dados do IBGE, quanto ao gênero, no grupo de pessoas de 10 anos ou mais de idade, as mulheres têm as maiores taxas. Dois extremos: 14,7% não tem instrução ou têm menos de um ano de estudo e 14,6% tinham entre 11 a 14 anos de estudo. Quanto aos homens, a proporção é de 10,3% e 13,4% respectivamente. Temos também uma informação, por meio de leitura, que o Prof. José Pastore, da Universidade de São Paulo (USP), afirma ser hoje o nível de escolaridade das mulheres superior ao dos homens – 51% contra 49%.
JA – No mercado de trabalho, as mulheres começam a chegar às chefias?
LMAM – Sim. As mulheres estão ganhando um espaço cada vez maior no mercado de trabalho e em postos de chefia que até há pouco tempo eram de domínio masculino. Hoje, ocupam cargos executivos, políticos e cresceu muito sua atuação nas áreas de Marketing, Administração, Recursos Humanos e outros.
JA – Você concorda que ceder para poder crescer é a chave para a competitividade no mercado de trabalho?
LMAM – Existem duas maneiras de entender o significado da palavra ceder. Vivemos em uma era de mudanças constantes, muito rápidas e a atualização é necessária para garantir a sobrevivência no mercado de trabalho, que é tão competitivo. Quando trabalhamos em equipe, é sempre inteligente e de grande valor ouvir as pessoas mais experientes. Os individualistas costumam se dar muito mal.
JA – Acredita que as pessoas ignoram seus fatores de sucesso?
LMAM – Acredito que sim. Como há pessoas “prontas, decididas a desenvolverem os seus talentos, há também aquelas que precisam de um incentivo, de um “empurrãozinho” para poderem descobrir que são capazes e valorizarem o enorme tesouro que têm dentro delas. Nunca é tarde!
JA – Como é conviver com tantos jovens?
LMAM – “Apenas o cérebro cultivado pode produzir iluminadas formas de pensamento”. Por isso, gostamos tanto da juventude. Trabalhar com os jovens e colaborar na sua educação, é gratificante. É uma construção que se perpetua por toda a vida.
JA – E sua sensação ao acompanhar a prosperidade da Uniara?
LMAM – Acompanhamos de perto esse crescimento e vemos concretizado o resultado de um trabalho sério, honesto e, principalmente, de muita “garra” e dedicação. O Prof. Luiz Felipe é gente que faz e a nossa equipe de trabalho é madura, responsável e realmente vestiu a camisa da escola. Esse é o grande segredo: amor.
JA – O que considera mais importante para que uma pessoa envelheça bem?
LMAM – Li o depoimento de um senhor de 70 anos, cujo nome não foi revelado, e de que gostei muito. É um texto comprido, portanto citarei apenas dois parágrafos. “Existe uma diferença entre velho e idoso. Velho é aquele que tem carregado o peso dos anos, que em vez de transmitir experiência às gerações vindouras, transmite pessimismo e desilusão. Para ele, não existe ponte entre o passado e o presente. Existe um fosso que o separa do presente pelo apego ao passado”. “O idoso se renova a cada dia que começa e tem seus olhos postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança se ilumina”. Velhice é um estado de espírito!
JA – Atualmente as mulheres trabalham muito, mas são mais felizes, concorda?
LMAM – Não é de hoje que as mulheres trabalham muito. É qu ehoje elas ocupam cargos remunerados que as tornam mais independentes e por isso a felicidade, ou seja, maior auto-estima, mais confiança, mais segurança.
JA – Dá para conciliar a vida profissional e a pessoal?
LMAM – É preciso vivê-las separadamente e curtir cada uma delas com sabedoria, pois a oportunidade de trabalho é uma bênção e é necessária para a sobrevivência da maioria das pessoas, o lar é um presente de Deus e é nele que encontramos a força para lutar pela vida.
JA – De que maneira se prepara para os imprevistos?
LMAM – Existem alguns imprevistos que mexem um pouco conosco, mas acredito que, mantendo sempre a calma e acreditando muito, conseguimos superá-los tranqüilamente.
JA – O tempo com o lazer, como aproveita?
LMAM- Sempre em companhia de minha família que é o bem mais precioso que possuo. Gosto também de ouvir músicas clássicas – herança de meus pais – de ler e fazer alguns quitutes na cozinha.
JA – Mensagem
LMAM – Essa mensagem é muito especial para mim, leio-a todos os dias; gostaria que fosse para vocês também. Solidão. “O presidente, porém disse: _ Mas que mal fez ele? E eles mais clamavam, dizendo: _ Seja crucificado” (Mateus, 27:23).