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Álcool não corre risco

Vera Longuini (*)

Os constantes aumentos do preço da gasolina colocaram novamente o carro movido a álcool na moda. Ao contrário da crise de abastecimento que ocorreu no início da década de 90, que levou consumidores a fazer filas nos postos e a se desfazerem de seus veículos, dessa vez o setor está em condições de absorver a demanda e garantir o abastecimento do mercado. A avaliação é do diretor do Departamento do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan Filho, que estará participando no dia 29 de agosto do Seminário Cana & Energia – Co-geração e Álcool Automotivo, que o INEE – Instituto Nacional de Eficiência Energética promoverá no Hotel JP, em Ribeirão Preto.

Hoje, o país produz cerca de 28 bilhões de litros de combustível (gasolina e álcool) ao ano, sendo 11 bilhões de álcool automotivo. Na opinião de Bressan, o que ocorreu no passado foi uma falta de visão estratégica. “O país chegou a ter quase 90% da frota de carros a álcool. Foi um golpe devastador”, lamenta.

Na opinião dele, no entanto, a crise, caso não tivesse ocorrido naquela época, teria acontecido mais tarde, pois o país não tinha condições de produzir o volume necessário do combustível para o abastecimento. “O consumidor se desinteressou e o setor passou a produzir o que dava mais dinheiro, tornando as usinas grandes exportadoras de açúcar.

Hoje, o mercado internacional do açúcar já está ocupado e não tem mais para onde crescer”, analisa.

Ângelo Bressan descreve como “muito interessante” para o país o aumento da demanda e o atual preço do álcool que, em cidades do interior de São Paulo, chega a custar 50% do preço gasolina. “Se o Brasil tiver mais 100 mil carros a álcool, isso representará um consumo/ano de 200 milhões de litros do combustível, que equivalem a 2% da produção anual. Assim, mesmo com a volta do crescimento da frota de carros a álcool, não teremos mais problemas de abastecimento”, avalia.

De acordo com ele, a diferença em relação ao passado está no próprio poder de manobra do governo. “Mais da metade da produção do álcool entra na mistura da gasolina (20% a 25% de álcool). O Governo pode baixar a mistura e garantir o álcool combustível ao consumidor. Tudo depende de acordos entre o setor”, completa.

Incentivos

Uma recente medida do Governo pode garantir o crescimento da produção do álcool automotivo e beneficiar, principalmente, o consumidor. De acordo com Ângelo Bressan Filho, as indústrias automobilísticas estão interessadas na produção de novos veículos com motor que possui tecnologia para funcionar tanto a álcool como a gasolina (fuecell).

No começo de agosto, o presidente Fernando Henrique Cardoso assinou um decreto definindo a tributação para a fabricação desses carros, que terão a mesma carga de impostos dos modelos a álcool, o que deverá servir de incentivo para a indústria automobilística.

O consumidor, nesse caso, escolheria na hora do abastecimento o combustível com melhor preço. Quanto à resistência do próprio consumidor na compra do carro álcool, ele acredita que seria apenas o caso de reverter essa resistência através de campanhas, considerando que, hoje, os motores a álcool são tão bons quanto os a gasolina.

O INEE é uma ONG – Organização Não Governamental, sem fins lucrativos, que se dedica ao estudo, à defesa e à divulgação das formas eficientes de produção de energia.

(*)É jornalista do evento.

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