Indústria da madeira exporta 44,4% mais em 2004

Stella Fontes

As exportações brasileiras de madeira sólida e produtos de madeira – como painéis, portas, pastas químicas e móveis – cresceram 44,4% no ano passado, para US$ 3,85 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria da Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), com base em números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Em 2003, informa a entidade, os embarques desses itens totalizaram US$ 2,66 bilhões.

Se levados em consideração os valores exportados pela indústria brasileira de celulose e papel (US$ 1,18 bilhão), segue a Abimci, as exportações do setor florestal sobem para US$ 5,03 bilhões em 2004, o que representa incremento de 7,4% sobre os US$ 4,68 bilhões apurados em 2003.

De acordo com o presidente da Abimci, Odelir Basttistella, o melhor desempenho das vendas internacionais da indústria de madeira sólida deve-se principalmente à diversificação de mercados e ao reconhecimento da qualidade do produto brasileiro, em decorrência do Programa Nacional de Qualidade da Madeira (PNQM). “As vendas estavam muito concentradas em países europeus. A partir do ano passado, uma série de empresas passou a atender o mercado norte-americano, que foi muito bem no período”, explica Battistella. Um dos principais fatores para a elevação das compras de madeira sólida por parte dos Estados Unidos, acrescenta o presidente da Abimci, foi o melhor desempenho da construção civil naquele país.

Para a Klabin, uma das maiores fornecedoras de matéria-prima para serrarias e laminadoras nacionais, a construção civil norte-americana foi a principal alavanca das vendas de madeira no ano passado. De janeiro a dezembro, a companhia comercializou 3,3 milhões de toneladas do insumo, volume considerado recorde e 39% superior ao vendido em 2003. Segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores da Klabin, Ronald Seckelmann, o desempenho refletiu o maior volume de embarques das empresas que processam madeira para o mercado norte-americano. Na construção civil, os produtos de madeira são utilizados tanto na estrutura quanto no acabamento.

Segundo Battistella, o maior volume de exportações também se deve à entrada de novas empresas de produtos de madeira sólida no mercado internacional. “Há um maior número de pequenas e médias empresas exportando seus produtos, o que é bastante positivo”, comenta.

Entretanto, em alguns segmentos, como o de painéis de madeira, verifica-se também um movimento de concentração dos embarques em grandes empresas. Eucatex e Duratex, por exemplo, são duas das grandes companhias do setor que têm avançado no mercado externo. “Em alguns setores, começa a surgir a concentração, porque há a vantagem dos embarques em volumes maiores, que reduzem custos”, explica.

Além da diversificação dos mercados, a indústria madeireira nacional também tem se esforçado para mudar o mix de produtos vendidos no exterior. Segundo estudo realizado pela STCP Engenharia de Projetos, apresentado durante o 2º Congresso Internacional de Produtos de Madeira Sólida de Reflorestamento, realizado no Paraná em dezembro, cerca de 50% dos embarques realizados pela indústria em 2003 corresponderam a produtos de madeira sólida e a outra metade, a toras. Para este ano, a expectativa era de que essa relação ficasse em 55%/45%. “Essa substituição das exportações é bastante favorável porque os produtos com maior valor agregado passam a ter mais peso na composição da receita”, explica Battistella.

Segundo o presidente da Abimci, a demanda de clientes internacionais por produtos manufaturados também indica que o programa de qualidade da madeira surtiu efeitos. “Os clientes já reconhecem a qualidade do produto brasileiro, o que é fundamental para entrar em mercados que não olham apenas preço”, afirma. O PNQM atende aos requisitos do selo de conformidade CE Marking.

Um dos principais entraves ao incremento das exportações do setor, entretanto, é a manutenção da tendência de valorização do real frente o dólar. Segundo Battistella, as empresas tem se esforçado, por meio da redução de custos operacionais e de margens, para evitar a saída de alguns mercados internacionais. “É muito difícil conquistar esses clientes. Portanto, qualquer esforço é válido para mantê-los enquanto a cotação do dólar não estiver estável”, acrescenta.

A Abimci congrega empresas que atuam no processamento da madeira em diversos segmentos e responde por cerca de 2% do PIB nacional, com receita anual de US$ 9 bilhões e arrecadação em tributos superior a US$ 2,2 bilhões por ano.

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