Impunidade crescente

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José Renato Nalini (*)

Entre 2018 e 2022, o Brasil perdeu 15% de florestas naturais. Um estudo do MapBiomas indica a destruição de área maior do que o Estado de Santa Catarina. A atividade agropecuária ocupa 95% da área desmatada.

Havia 581,6 milhões de hectares em 1985 e hoje são 494,1 milhões. Não há qualquer erro ou equívoco na apuração dessa escancarada escalada dendroclasta. O MapBiomas é uma plataforma que congrega universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia e monitora o solo brasileiro por satélites.

As florestas naturais cobriam o Brasil em 1500, quando aqui chegaram os portugueses. Eles começaram a acabar com a Mata Atlântica, levando o pau-brasil para a Corte. Desde então, a derrubada só cresce. A despeito de o planeta inteiro recomendar a preservação da cobertura vegetal, não por deleite, não para manter paisagens agradáveis, mas para a sobrevivência da humanidade.

O mal que a humanidade está causando à Terra é um atestado evidente da ignorância aliada à ganância. Elas rimam e caminham juntas. Não é por acaso que a Amazônia enfrenta sua mais grave seca. O Pantanal pega fogo, o que parece surreal. Mas os biomas que mais perderam florestas naturais foram o Cerrado (27%) e a Amazônia (12%).

Para os céticos, interesseiros e egoístas, existe excesso de área verde no Brasil. Costumam somar reservas florestais, demarcações indígenas, parques e outros espaços ainda parcialmente verdes, para concluir que a derrubada deve prosseguir.

Elementar que as florestas são essenciais para manter o equilíbrio climático e proteger os serviços ecossistêmicos vitais. Mas para quem só pensa em dinheiro, isso não interessa.

As crianças precisariam ser alertadas a se indignarem contra os adultos que praticam esse crime e continuam impunes, alguns até considerados “beneméritos”, porque equilibram a balança comercial, à custa do extermínio da mata. Cada cidade precisaria liderar um movimento de replantio, pois faltam ao Brasil mais de um bilhão de árvores. E árvore demora a crescer, embora com uma motosserra, alguns minutos bastem para derrubá-la. Triste colapso civilizatório: o bicho-homem pratica ecocídio e isso equivale a um suicídio coletivo.

(*) É Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS.

(Imprensa Renato Nalini)

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