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Água e Fraternidade

Carlos Nascimento (*)

A Campanha da Fraternidade deste ano se faz de forma muito especial, não só por completar sua quadragésima edição, mas fundamentalmente por possibilitar uma compreensão maior do papel transformador que tem, aliás, ao qual se propôs desde sua primeira edição.

A cada ano a Campanha tem sua importância ampliada, transcendendo, inclusive, a Igreja Católica, já que atualmente traz uma roupagem ecumênica, envolvendo outras igrejas cristãs e demais religiões, mostrando-se enquanto um instrumento importante para construirmos, em meio a nossas diferenças de crença, uma sociedade fraterna, igualitária e unida num único Deus.

Idealizada pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – a Campanha soube, ao longo dos anos, ocupar seu espaço na sociedade, dando uma contribuição decisiva para uma nova interpretação do “Ide” de Jesus Cristo, dando a ele uma roupagem social, mostrando que é preciso um gesto concreto, ou seja, a ação deve acompanhar a oração.

Neste ano de 2004, mais uma vez a Campanha da Fraternidade se mostra enquanto uma Campanha de coragem, nos colocando o desafio de nos mostrarmos enquanto a igreja verdadeira, aquela que faz a opção pelos pobres, por semear a justiça e fugir das relações autoritárias, paternalistas e assistencialistas, que não teme refletir, dialogar e também agir e intervir de maneira qualificada na sociedade.

O tema “Fraternidade e Água” não poderia ser mais atual e necessário, levando-se em consideração a conjuntura nacional e internacional e seu lema “Água: Fonte de Vida” retrata o quanto a CNBB está em consonância com as necessidades prementes da sociedade.

Em Araraquara, a Campanha se inicia com fôlego adicional, já que realizamos em nossa cidade, em novembro de 2003, o Fórum Pan-americano das Águas do Guarani. Durante quatro dias reunimos mais de três mil pessoas vindas de delegações de outros países, a saber: Argentina, Paraguai, Uruguai, EUA, México, Canadá, além de vários estados brasileiros. Estiveram conosco, ainda, treze deputados federais, oito estaduais, inúmeros vereadores de várias cidades, três secretários de Estado, bispos da igreja católica, além de inúmeras lideranças ambientais e especialistas em assuntos concernentes à preservação do meio ambiente.

Foi travado um amplo debate e realizado um importante trabalho sobre a necessária popularização do Aqüífero Guarani, maior reserva subterrânea de água doce do mundo, com capacidade de abastecimento de toda a população mundial por centenas de anos e que tem importante área de recarga e afloramento em nosso município.

Com isso, cumprimos um importantíssimo papel, que foi colocar Araraquara na agenda mundial das discussões que envolvem a luta em defesa dos recursos hídricos.

Assim como nós, ativistas das águas, tivemos um papel determinante para a escolha do tema da água por parte da CNBB para a Campanha deste ano, temos agora a incumbência e a responsabilidade de fazermos dela um poderoso instrumento visando alcançar todas as comunidades, propiciando a reflexão sobre a importância de defender o acesso universal à água, assim como termos encaminhamentos e ações concretas e urgentes por parte de toda a sociedade.

A Campanha da Fraternidade nos dá a chance de chegarmos, de forma verdadeira, às águas mais profundas, fortalecendo nossas relações solidárias e fraternas, alinhavadas em gestos concretos e práticos em defesa dos nossos recursos hídricos e na construção de uma nova cultura de preservação.

Não podemos fugir à responsabilidade de proteger nossa maior riqueza hídrica: o Aqüífero Guarani. Este é o chamado da mãe natureza e a Campanha da Fraternidade deverá servir, inclusive, para este propósito.

(*) É vereador (PT).

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