Alan Fernandes (*)
A onda de greve, protestos e manifestações que vêm acontecendo em nossa cidade é algo assustador. Todos os dias, alguma categoria ou movimento chama nossa atenção com panfletos, gritarias e, até mesmo, música ou bingo.
Não estou aqui para criticar ou defender esses protestos. Não mesmo. Apontar um culpado para essa situação seria missão quase que impossível.
A única coisa que me revolta é que quem paga por esses manifestos é a população. Todas as categorias que entram em greve trabalham para o cidadão que paga imposto e, diga-se de passagem, um dos paises que mais cobra no mundo. O trabalhador, aquele que paga suas contas com dificuldades, é o único prejudicado com todas essas paralisações.
Para se ter uma idéia, desde o início do mês os técnicos da Receita Federal de Araraquara aderiram à greve e estão paralisados por tempo indeterminado e os serviços que foram afetados são os pedidos de CPF, CNPJ, certidão negativa, entre outros, tudo documento que a população quase nem usa. Em todo o Brasil, são, aproximadamente, 7 mil técnicos parados.
Outro exemplo são os servidores do Instituto Nacional de Seguridade Social, o INSS, que aderiram à greve da categoria e estão deixando cerca de 500 pessoas sem atendimento diariamente. Sem contar as perícias, que não estão sendo feitas e vários trabalhadores podem ficar sem o salário, bem mínimo, por alguns meses.
Para amenizar o problema, os auditores fiscais do INSS de Araraquara e São Carlos fizeram uma manifestação de protesto na praça Santa Cruz. Os manifestantes penduraram faixas, levaram uma banda e ainda fizeram um bingo. A cartela era gratuita e o prêmio eram duas pizzas. Tudo bem, alguém almoçou legal.
Sabe quem participou da manifestação? Os agentes da Polícia Federal, paralisados desde o mês passado. Toda a categoria está paralisada e o serviço mais afetado é a emissão de passaportes e os 500 inquéritos que estão parados. Essa greve já causou transtornos a mais de 100 mil passageiros, além de atrasos de até 3 horas a mais de 1.200 vôos no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, com a “Operação Padrão”. Sem contar que os agentes descumpriram a determinação da Justiça e continuam em greve. O Tribunal Regional Federal (TRF) considerou ilegal a greve iniciada há 51 dias e determinou o retorno ao trabalho
Outros que estão na corda bamba são os agentes penitenciários. Com isso, trezentos e cinqüenta funcionários da Penitenciária Regional de Araraquara e do Centro de Ressocialização Masculino, o CR, podem parar.
Outra categoria que promete entrar em greve é a dos Funcionários da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que fizeram uma manifestação contra a reforma universitária no campus da instituição. Para justificar disseram que o protesto fez parte do Dia Nacional da Paralisação. Tem cabimento?
Se todas as categorias estão certas ou não é outra discussão. O que não podemos é ficar de braços cruzados e ver o cidadão pagando por essas “brigas” individuais. Algo tem de ser feito.
Então, deixa-me voltar ao trabalho antes que o meu patrão pense que eu também estou em greve.
(*) É estudante do 4º ano do curso de jornalismo da Uniara e repórter da rádio Uniara FM.