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Governo envia equipes para extrair diamantes de reserva indígena em RO

Kátia Brasil

Equipes de quatro órgãos federais foram enviadas a Pimenta Bueno (a 700 km ao sul de Porto Velho) para iniciar uma operação conjunta que visa coletar diamantes brutos extraídos pelos índios cintas-largas na reserva Roosevelt, localizada no sudeste de Rondônia.

Ontem chegaram à cidade, que fica próxima à reserva, os técnicos da CEF (Caixa Econômica Federal) e do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). A Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Polícia Federal já estão no local.

De Pimenta Bueno, os técnicos vão se deslocar mais 130 km para uma base situada a 1,5 km do limite da reserva dos cintas-largas. Na base, que será o ponto de encontro dos técnicos com os índios nos próximos 15 dias, a CEF e DNPM recolherão os diamantes dos índios em envelopes selados para avaliação técnica.

A venda dos diamantes coletados ocorrerá em leilões públicos, com o dinheiro sendo repassado para os índios como pessoas físicas.

“A minha parte [na operação de coleta de diamantes] é tentar sensibilizar os índios e mostrar a eles que, se tiveram realmente alguma pedra preciosa em seu domínio, é melhor vender para a CEF do que para um atravessador”, afirmou ontem o coordenador da operação pela Funai, o indigenista Izanoel Sodré, 54. Ele substituiu o sertanista Apoena Meireles, morto em outubro deste ano.

O indigenista afirmou que ocorrerão duas operações paralelas à coleta de diamantes: uma para paralisar o garimpo dentro da reserva e outra para criar alternativas de sobrevivência e reestruturação da cultura dos cintas-largas.

Os índios alegam que começaram a garimpar em agosto de 2003 para sustentar suas aldeias. “Uma das preocupações hoje dos cintas-largas é a revitalização da cultura. A Funai está sensibilizada em trabalhar com essa questão, buscando alternativas que possam preencher o vazio deixado pelo garimpo”, disse Izanoel Sodré.

Como resultado da disputa pelos diamantes da reserva Roosevelt, os cintas-largas mataram 29 garimpeiros que atuavam dentro da reserva em abril deste ano. A PF indiciou dez índios pelas mortes.

Segundo Izanoel Sodré, mais de 50% da população de cintas-largas (estimada em 1.300 pessoas) não fala português. “Como esse povo vai ter discernimento sobre o indiciamento? Colocam os cintas-largas como os vilões, mas eles nunca saíram de suas terras para atacar ninguém”, afirmou o indigenista.

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