A Dra. Alessandra Martiniano de Oliveira é indicada pela Sarah Coelho para ser o destaque da página Gente.
Fisioterapeuta, graduada pela Universidade de Araraquara (Uniara), especialista em Saúde Pública pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), ingressou no programa de pós-graduação (nível mestrado) na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (Fmrp- Usp). Confira suas respostas:
JA- Por que ser fisioterapeuta?
AMO- Pela grandiosidade da profissão e pela identificação com a área da saúde, de lidar com pessoas (pacientes) e poder ajudá-las de alguma forma na melhora da qualidade de vida.
Sofreu alguma influência profissional?
Não fui influenciada por ninguém, até pelo fato de não ter nenhum familiar na área da saúde.
Qual o perfil de um profissional?
Saber passar total confiança ao paciente em relação ao tratamento e saber explicar com a maior clareza o que se pretende em cada conduta a ser seguida.
Qual a sua especialidade?
Trabalho na Clínica Unigastro (contato: 16-33362121/ 16-96080591), na especialidade de Reeducação Uroginecológica, ou seja, tratamento para Incontinência Urinária e Fecal.
Defina essas patologias.
A sociedade internacional de continência define incontinência urinária como a perda de urina que ocorre sem vontade da paciente, demonstrada objetivamente, podendo causar um problema social e de higiene.
A incontinência fecal define-se como perda, sem perceber, de fezes, flátus (gases) ou podendo ocorrer também resíduos fecais (pequenas perdas nas roupas íntimas), causando desconforto e perda de autoconfiança, além de interferir negativamente na qualidade de vida.
Estima-se que entre 15% e 30% das mulheres sejam acometidas pela Incontinência Urinária (I.U.) em algum momento da vida. (Folha de São Paulo, maio 2005).
Após a menopausa, esse número sobe para quase 50% devido à diminuição do hormônio estrógeno. Hoje é considerado um problema de saúde pública pela sua extensão atingindo 17% da população mundial além de enormes prejuízos econômicos. Só nos EUA os gastos anuais são de aproximadamente 10 bilhões de dólares.
Os homens também são acometidos com a I.U., principalmente os de idade mais avançada e os que tenham passado por cirurgias como prostatectomia radical (retirada total da próstata).
Pós-operatório de hemorróidas também pode levar ao aparecimento da perda fecal.
Quais as pessoas mais suscetíveis?
Quem fuma ou está acima do peso e mulheres que fizeram partos normais também têm mais chance de ter o problema. A própria gravidez pode causar a incontinência, pois provoca sobrecarga sobre o períneo.
Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Obstetrícia Fisiológica da UNIFESP entre 2001 e 2002, revelou que 43% das gestantes entrevistadas disseram que haviam apresentado pelo menos um episódio de perda de urina durante a gravidez.
Atletas também sofrem com I.U., pois o exercício físico, se mal conduzido, pode sobrecarregar a musculatura do assoalho pélvico aumentando a chance de apresentar o problema. Isso mostra um estudo feito na Universidade de Iowa (EUA) que 38% das mulheres que praticam atletismo e 36% das que fazem exercícios aeróbicos têm incontinência.
Doenças sistêmicas como Diabetes também podem causar I.U. devido ao dano causado nos nervos da região da bexiga.
Como é feito o diagnóstico?
Deve ser feito pelo médico urologista para constatar a presença de perda de urina e definir qual sua classificação através de uma avaliação clínica bem detalhada. Em seguida pode ser necessário realizar outros exames complementares como, por exemplo, o estudo urodinâmico para diagnosticar a real causa do problema e logo após definir o melhor tratamento.
Quais e como são feitos os tratamentos?
Podemos dividir em tratamento conservador e cirúrgico. O tratamento para I.U. depende da causa de base sendo que mais de 30% melhoram com orientações e tratamento conservador. O tratamento conservador nem sempre dispensa a intervenção cirúrgica, mas, melhora os sintomas da patologia em até 75% dos casos. O conservador engloba tanto a Fisioterapia (exercícios para o assoalho pélvico, cones vaginais, estimulação elétrica, biofeedback entre outros) como o tratamento medicamentoso (drogas anticolinérgicas). Agora, o cirúrgico pode ser precedido de Fisioterapia ou medicamentoso sem sucesso, existindo várias técnicas eficientes e que se ajustam às diferentes situações.
Com o exposto devemos ter em mente que a incontinência urinária, apesar de não parecer, é uma condição extremamente degradante para quem a possui não devendo jamais ser considerada uma conseqüência natural da idade. Nestas situações procure um urologista, pois, ele estará apto a diagnosticá-la e tratá-la adequadamente.
Como é feita a sessão de fisioterapia?
Embora o tratamento fisioterápico exista há aproximadamente 10 anos no Brasil, ele ainda é desconhecido por uma grande parte da população gerando uma procura maior por cirurgias.
Primeiramente o paciente vai ser avaliado também pelo Fisioterapeuta, verificando a contração muscular dessa região do assoalho pélvico. Em seguida será traçada uma conduta e se necessário entrar em contato com o médico e pedir alguns exames complementares para o melhor resultado.
Além de exercícios específicos para esses músculos (exercícios de Kegel), temos outras técnicas utilizadas hoje para aumentar a eficácia do tratamento como, por exemplo, a eletroestimulação que consiste em introduzir um eletrodo (sonda) na vagina ou no ânus que produz choquinhos intravaginais e intranais para estimular a musculatura local levando-a ao fortalecimento.
A duração da sessão é de aproximadamente quarenta minutos, visto que o paciente vai continuar o tratamento em casa (exercícios) sob orientações do profissional.
Vale ressaltar que o tratamento preventivo também pode e deve ser feito com exercícios de Kegel, também sob orientação do Fisioterapeuta.
Antes de procedimentos cirúrgicos (pré-operatório) na região pélvica deve ser questionado aos médicos se há ou não a necessidade do tratamento fisioterápico para melhorar a condição muscular e após a cirurgia também pode ser necessário como acontece na cirurgia de hemorróidas e partos normais, por exemplo, para uma melhor recuperação.
Mensagem
A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas aquilo em que ele nos transforma.
(John Ruskin)