Fingindo de cego

Antonio Delfim Netto (*)

Ao contrário do que dizem alguns grandes sábios, videntes e tarometristas, o crescimento brasileiro não está murchando. Teremos um final de ano bastante razoável, com o Produto crescendo muito acima da média dos últimos dez anos e o consumo se recuperando. Só não enxerga quem não quer ver as engrenagens do desenvolvimento movendo-se na direção correta. Depois do sofrimento do ano passado, quando o PIB recuou 0.2% (devido ao ajuste absolutamente necessário) a economia reencontrou o caminho e está crescendo há três trimestres, sem nenhum risco para a estabilidade. O emprego industrial continua se expandindo, registrando em setembro 3,5% de crescimento, derrubando as previsões dos cultores do “vôo da galinha”…

Não só cresce a produção, como cresce o emprego e, o que é melhor, está crescendo o nível de renda, estimulando a produção de bens duráveis. Estamos entrando naquele estágio em que a expansão do consumo já incentiva os investimentos na indústria de bens duráveis que produzem um aumento das encomendas na indústria de bens de capital e assim por diante. Então, vai se organizando a cadeia virtuosa que tem toda a probabilidade de continuar funcionando nos próximos anos.

Tem uma certa razão o Ministro Palocci quando comemora os 4.8% de expansão do PIB, chamando a atenção para o fato que a economia brasileira termina o ano com um crescimento maior do que o dos países desenvolvidos. É um resultado bastante razoável, principalmente se comparado à média de 2,2% de crescimento dos últimos dez anos. É claro que ainda mantemos distância de alguns de nossos parceiros da economia “emergente”, que apresentam performance muito superior, como é o caso da China, da Índia, da Coréia do Sul e da Rússia. Mas estamos recuperando o desenvolvimento com uma vantagem: no ano passado tivemos uma inflação de 9.3%, e vamos chegar ao final de 2004 com uma taxa menor, de aproximadamente 7.4%.

Há portanto razões para otimismo: o forte ajuste que produziu a recessão de 2003 produziu também, como era de se esperar, a retomada do crescimento. O Brasil precisa crescer muito mais nos próximos anos para que a continuidade do desenvolvimento permita criar os empregos que vão ajudar a combater a pobreza e reduzir as tensões sociais. Não há necessidade de mudança de rumos, apenas desviar de eventuais trombadas do Banco Central.

(*) E-mail: dep.delfimnetto@camara.gov.br

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