Humberto Gouvêa Figueiredo (*)
Mais uma vez dirijo-me e esse conceituado Jornal para esclarecer pontos que julgo terem sido abordados de forma equivocada no Editorial da última edição, no dia 04/10/03.
Confesso que a crítica me abate, mas de forma alguma não gosto de recebê-la: a Guarda Municipal é uma Instituição prestadora de serviço público e não pode se dar ao direito de ignorar os anseios da sociedade, que pagou pela sua criação e vem pagando pela sua manutenção.
De outro lado, não nego, gosto de receber elogios (e duvido que exista quem não goste!), ainda mais partindo de pessoas que conhecem a área comentada, como aconteceu na edição passada, quando recebemos menção positiva oriunda do Dr João Luis Ultramari, pessoa que viveu na pele os problemas do trânsito local, quando esteve no comando da pasta específica.
Desejo esclarecer ainda (o que imaginava já estar claro), que a Guarda Municipal nada tem a ver com os radares instalados: o móvel apenas operamos (ligando, desligando e zelando por sua segurança) e o fixo, não decidimos onde será colocado, quanto tempo funcionará, se terá ou não sistema de infra-vermelho…tudo isso é decidido pela Engenharia de Trânsito, no caso de Araraquara, pela Coordenadoria de Trânsito.
Os limites de velocidade e a sua forma de apuração são deliberados pelo Código de Trânsito Brasileiro e pelas resoluções do Conselho Nacional de Trânsito.
Se algo está errado e deve ser mudado, certamente a mudança deve partir de outra esfera governamental, mais especificamente da União e do Congresso Nacional.
Mas uma parte do editorial, confesso me causou prejuízo moral: no meio do texto, sem citar meu nome, o Editor sugere postura de “comandante refratário ao diálogo”, atribuindo-lhe que seu discurso é o seguinte “Está escrito, é lei e pronto. Quem reclama é porque não respeita a Lei e não conhece a dimensão de seu direito que termina onde começa o do próximo.”.
Mas pesou muito a parte final do texto, quando se atribui ao mesmo comandante, com seu pensamento: “Não admito contestação. Eu bato e arrebento”.
Como o texto vem articulado e se dirige a mim, sendo inclusive citado meu nome (e minha patente na manchete inclusive) e, mais ainda, como no final do artigo sou citado como “caríssimo comandante”, creio que muitos entenderam que o discurso citado é meu.
De forma alguma aceito atribuir-me tais idéias, que se confrontam visceralmente à minha forma de pensar e agir. Sou um defensor radical de direitos humanos, respeito a cidadania como um dogma e jamais em toda a minha vida profissional usei de força ou violência, “batendo” ou “arrebentando”, quem pensasse diferente de mim.
Reformar e esclarecer esta parte do Editorial é algo que peço que se faça, pois zelo diuturnamente pelo meu sobrenome, que não me pertence, mas que foi construído ao longo da história por meus antecedentes, que souberam me mostrar o valor disso.
Obrigado por mais esta franquia de espaço.
(*) Coordenador do Projeto de Implantação da Guarda Municipal na cidade de Araraquara.
N.R. O “bato e arrebento” é lapidar e foi pronunciado na década da exceção. Claro que não pertence ao democrático e preclaro Capitão Figueiredo. Tanto que a frase é precedida da forma indefinida. O comandante nos dá a honra da resposta, a qual agradecemos em respeito aos leitores. Portanto, o texto nem de leve teve a intenção de magoá-lo. (Editor).