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Exame de Fezes e a famosa Próstata…

Antigamente, quase todas as consultas médicas terminavam com o diagnóstico e a receita. Somente de vez em quando eram pedidos exames de laboratório ou raios X, que eram chamados “exames complementares”.

Meus Professores de Medicina diziam: “A Clínica é Soberana”. Eles ensinavam que o diagnóstico era feito na consulta. Os exames eram simplesmente complementos da consulta feita.

Em outras palavras, o Médico descobria a doença do cliente durante a consulta. Pedir exames, só eventualmente. Por esse motivo, quando alguém voltava da consulta médica sem pedido de exames, os familiares comentavam com naturalidade: “Que bom, não vai ser preciso fazer nenhum exame, né?”

Não posso evitar de dizer que a pergunta atualmente em voga é diferente: “Mas côôôômo, o médico não pediu nenhum exame ?…”

A atual sofisticação da Medicina e a multiplicação desenfreada dos planos de saúde modificaram os procedimentos e os conceitos do passado. Antigamente, os referidos “exames complementares” se destinavam a uma das 4 finalidades básicas que se seguem: Primeira, para confirmar um diagnóstico já feito pelo Médico Clínico. Segunda, para fazer o chamado diagnóstico diferencial, quando o Médico admitia duas ou mais hipóteses, ao invés de uma só. Terceira, para acompanhar a evolução de um tratamento. Quarta, para preparar o paciente para uma cirurgia.

No passado, jamais um paciente falava para um Médico que queria que lhe fossem pedidos exames. Nos dias atuais, porém, vários Médicos amigos meus me contaram de pacientes que, entrando no consultório, já lhe dizem: “Doutor, eu vim aqui apenas para que o Senhor me dê uns pedidos de exames, que faz tempo eu não faço…” Outros dizem: “Doutor, eu quero fazer tôôôdos os exames que meu plano de saúde dá direito…”

Se não bastasse, há um monte de exames desnecessários que os Médicos têm sido constrangidos a pedir antes de uma cirurgia porque há certos julgamentos rolando em cima de pacotes de exames…

Por outro lado, há atualmente exames especiais para ver se os ossos estão porosos e há aparelhos modernos que conseguem ver, dentro da barriga da mãe, se o bebê tem pistolinha ou se é menina. A Medicina moderna é fantástica, mas eu continuo aplaudindo a presteza de um diagnóstico clínico.

No caso da PRÓSTATA, é justamente o diagnóstico clínico, feito com o dedo, que pode salvar o homem a partir dos 40 anos. É na próstata o câncer mais freqüente do homem e o problema é que não existe nenhum exame especial garantido para descobrir esse câncer no começo. Alerto os homens: Somente o dedo do Doutor enfiado no seu ânus cada 6 meses pode salvá-lo!

Li numa revista científica recente que nenhum homem deve ultrapassar seus 46 anos sem fazer o exame de dedo. Mensagem dada, vamos adiante.

Como todos sabem, a próstata é um orgãozinho masculino debaixo da bexiga e o canal da urina passa por dentro dela antes de sair no pipi.

Ela é lisa, macia como borracha, tem o formato de uma castanha de caju e costuma medir entre 2,5 e 4 cm. O diabo é que a danadinha está cercada pelos ossos da bacia e do quadril, de forma que o ÚNICO jeito do Doutor palpá-la é enfiando o dedo no tóba do cara. Enfiando o dedo até ao cabo, a ponta dele cai certinho na parte detrás da próstata. Só assim, o Doutor pode perceber um câncer nela logo no início do tumor, porque ela poderá estar dura, encaroçada ou aumentada. Esses são os sinais de alarme que nos podem salvar. Muitos homens teimosos já foram pros quiabos porque ficaram fugindo do “dedinho” do Médico.

Tenho alguns amigos a quem tenho aconselhado fazer o exame periódico de próstata e eles não querem nem saber, até mudam de assunto!

No dia 2 de janeiro, eu estava batendo um papo com alguns cavalheiros maiores de 46 anos perto da Câmara Municipal. Vários deles me contaram suas experiências no chamado “toque retal prostático”. Um deles, porém, me disse que estava comendo tomate todos os dias, como preventivo, e que não iria deixar que lhe fizessem toque nas tripas dele. Chamei-o de lado, intimidei-o sobre o câncer de próstata e ele deu pinta que havia concordado. Contei prá ele que eu havia marcado o exame periódico da minha próstata para dia 9 de janeiro e que eu iria falar com meu Médico para marcar o exame dele no dia seguinte. Ficou tudo certo, mas eu soube que ele não compareceu.

Eu compareci. Mais uma vez, deixei as vergonhas de lado e agüentei firme o exame, que vale até julho.

Antes de escrever estas linhas, telefonei ao meu amigo faltoso prá ele largar mão de complexo, que o exame é simples e que é bobagem o tremendo preconceito dele. Argumentei que não tem nada demais o Doutor enfiar o dedo nele e que, mais a mais, é uma coisa feita em segredo, discretamente, ninguém fica sabendo… Completei dizendo que eu fiz o exame e que ninguém vai saber disto na cidade, porque não vou contar prá ninguém…

Fiz o que pude prá convencê-lo. Se ele não for depois disto tudo, o azar será dele. Eu estou tranqüilo, minha próstata estava normal e ninguém vai ficar sabendo que passei por tal exame, porque vou guardar segredo…

Completando meu relato, devo dizer que meu colega Médico me pediu um exame de fezes preventivo porque, no começo do câncer intestinal, é comum saírem algumas gotas de sangue quase invisíveis, que podem ser percebidas no laboratório.

Fazia tempo que não fazia exame de fezes, desde o tempo das latinhas. O Médico me disse que poderia evacuar diretamente num vidro de boca larga porque as latinhas já eram… No caminho pro laboratório, imaginei a vergonha que iria sentir levando “um ex-vidro-de-mel com cocô meu…” Voltei prá casa prá ver se havia qualquer coisa a respeito na Bíblia. Encontrei em Deuteronômio 23:13/14 um versículo que manda esconder as fezes…

Colei um rótulo no vidro, onde escrevi exatamente assim: “O Dr. Guaracy jamais faria uma coisa destas, este produto, ele pegou do vizinho…!” Entreguei o vidro com o papel da UNIMED, todos no laboratório deram risada e eu fui embora rindo também. Em tempo: já peguei o resultado e informo a todos os leitores que meu exame de fezes está normal…

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