Estelionato Eleitoral

Na região de Araraquara é possível contabilizar o carvão poluidor e socialmente patológico oriundo da insuportável fogueira de vaidades. Gente sem expressão eleitoral, participando para (quem sabe) inserir no curriculum-vitae que foi candidata e…ponto. Há quem se satisfaça ao apresentar à família a notícia de que, doutrinária e democraticamente, foi candidata a vereador, prefeito, deputado e, se a vocação egocêntrica persistir e os quadros partidários permitirem, até para Senador da República. Esses agentes políticos pouco se importam em analisar que a “notável e extraordinária candidatura” possa prejudicar a região. Interessa-lhes, linearmente, que o partido fique feliz, que os companheiros que casaram intenções sejam eternamente gratos e que o seu santo nome político esquente-se para novas tentativas.

Para uma parcela da liderança regional, no entanto, a chance de reverberar e tecer comentário crítico às citadas pessoas que não conseguiram confrontar o direito de se candidatar com a obrigação de respeitar o interesse coletivo. A história se repete (felizmente, a solitária e festejada performance de Dimas Ramalho é exceção), depois de movimento suprapartidário que resgatou, em 1989, a presença vitoriosa de nossos candidatos em São Paulo e Brasília. O “voto distrital”, na prática, foi instituído na região de Araraquara. Neste ano houve iniciativa semelhante em Ribeirão Preto, Franca e outros municípios.

O movimento para se concentrar votação – pouco ortodoxo na teoria, mas, de real proveito ao desenvolvimento da região – torna-se necessário pela presença de políticos que, sem desconfiômetro, sofrem de apoteose mental, dos que se esquecem da elementar relação número de candidatos vérsus colégio eleitoral e levam os objetivos de uma cidade ao fundo do poço. Por isso, o assunto deve merecer debate para que, no futuro, não venhamos a chorar pela ausência total da região de Araraquara junto ao centro decisório do poder.

E, como proposta de São Paulo: até quando vamos permitir que o voto de um nortista ou nordestino (sem conotação pejorativa) valha dezenas de vezes o de um paulista? Enquanto, por exemplo, nosso senador soma quase 11 milhões de votos os do norte e nordeste ganham o mesmo direito com apenas 94 e 324 mil, respectivamente.

Ora, por que não determinar um número-báse como na composição da Câmara Federal? Se o Doutor Enéas – com bordão horroroso – consegue carregar meia dúzia de deputados, por que São Paulo no Senado terá que ostentar o mesmo número de representantes que um estado do norte-nordeste?

Isso resulta de um procedimento arenoso, quando da revolução militar onde até a figura de senador biônico foi imposta ao povo brasileiro para, na verdade, equilibrar forças com o então MDB que crescia assustadoramente nas urnas. Mas, até quando São Paulo vai permitir a isonomia canhestra que teima em jogar no lixo a supremacia paulista? Quem dá mais tem que receber mais, não é mesmo?

A maioria dos estados, acredita-se, poderá se sensibilizar diante da postulação por uma representação justa. A bandeira das 13 listras, com a brisa de nosso entusiasmo igualitário e fraternal, tremula altaneiramente à espera de seus filhos detentores de mandatos eletivos. Que não tentem colocá-la a meio-pau…de novo!

Compartilhe :

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Alergias respiratórias: o perigo, muitas vezes, dorme com você!

Dia Mundial da Saúde Mental: psicóloga explica como lidar com a culpa materna

Sete mitos e verdades sobre o câncer de mama

H.Olhos alerta sobre a importância de diagnosticar e tratar precocemente o estrabismo nas crianças

Ipem-SP realiza “Operação É o Bicho” e autua 25% dos produtos para uso de animais

CATEGORIAS