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Estatística a serviço do mal

Humberto Gouvêa Figueiredo (*)

A pesquisa realizada pelo Instituto “Data Folha” avaliando a credibilidade da Polícia Militar perante a comunidade paulista, publicada em 12 de fevereiro no Jornal Folha de São Paulo, revela o quanto a grande mídia se preocupa com o interesse comercial, pouco valor dando aos reflexos que sua informação pode causar no coletivo.

Analise-se preliminarmente a incoerência entre a matéria de primeira página, em manchete, citando que a população temeria a Instituição Policial Militar. Em sentido completamente oposto, na página interna, dá outro título: “Diminui desconfiança do paulistano na PM”.

Ora, não sejamos inocentes! Todos sabemos e estudos científicos já comprovaram que o número de leitores de manchetes é muito maior que o de artigos na íntegra. Muito maior ainda é a desproporção entre os que lêem somente os títulos da primeira página em relação às demais, até porque ficam os jornais expostos nas bancas e é desnecessário comprá-lo para ler esta página. São o chamariz!

A manchete negativa vende mais!

Daí a razão de colocá-la na primeira página para vender mais jornais. A novidade é a “lingüiça mordendo o cão” e não o contrário…

O órgão de imprensa lança na sua manchete uma frase que denigre a imagem de toda uma instituição. Quem tiver dinheiro para comprar o jornal e tempo para uma leitura mais atenta, analisará os números da pesquisa e concluirá que são eles bastante positivos para a Polícia Militar e, conseqüentemente para a comunidade, uma vez que aquela existe para defender esta.

A pesquisa compara os níveis de credibilidade da PM paulista entre os períodos de 1999 (30%) com 2003 (41%). Os números mostram que se elevou em 37% a confiança na Corporação entre o público entrevistado.

A comunidade cada vez mais compreende que a Polícia Militar tem feito o seu papel, tem se mostrado ativa, mais próxima dela e, se os níveis de violência não decrescem como esperado por todos, certamente não é por falta de atitude e empenho da PM.

Cabe despertar ainda a reflexão de que a Polícia atua, na grande maioria das vezes, em situação de conflito, onde partes se degladiam e o policial se coloca como mediador. Imaginem os leitores, o quanto difícil é agradar os dois lados que possuem interesses opostos, sem se afastar da premissa que deve predominar o que for melhor para o coletivo, para a sociedade como um todo.

Mas o uso inadequado dos números não param por aí!

A busca pessoal, disciplinada em Lei é o principal meio para o policial prevenir crimes: é realizando revista pessoal e veicular que o policial militar consegue recuperar produtos de furto ou roubo, aprender armas e drogas, identificar foragidos ou procurados pela justiça. A pesquisa apresenta versão crítica em relação a tal diligência, dando a entender ser ela excessiva.

Como cidadão penso o contrário.

Quanto mais revistas a PM fizer, maior a possibilidade dela evitar crimes mais graves. Ainda que “inocentes paguem por culpados”, o interesse coletivo deve predominar sempre. Os que nada temem (e são a grande maioria) devem compreender a relevância da medida policial e colaborar para o seu sucesso. E nunca se esquecer que a revista pessoal feita pelo Agente da Lei, pode tirar das mãos de um marginal a arma que poderia ser utilizada para ceifar a sua vida.

Outro ponto que merece reparo na pesquisa é o sentido discriminatório dado à atuação da PM.

Negar que exista discriminação na nossa sociedade é ser hipócrita!

Ela existe e está entre nós.

Contra ela devemos todos lutar!

Ainda assim, os números não apontam, na mesma proporção, atos discriminatórios praticados pela PM se comparado com o que vemos no dia a dia na nossa comunidade. Senão vejamos: a pesquisa aponta que 86% dos abordados pela PM são negros e 71% são brancos. Eu pergunto: no Jornal Folha de São Paulo existe a mesma proporção numérica entre brancos e negros? Talvez até exista entre os entregadores de jornais…mas duvido que aconteça entre os seus Diretores, Redatores, Editores…

Pura hipocrisia e ganância pela venda de jornais e espaços publicitários.

Deixo no ar uma questão: quem ganha com uma Polícia enfraquecida???

A resposta a esta pergunta talvez nos dê o caminho para enfrentar de fato a criminalidade e a violência que nos prejudica a todos…

(*) Capitão da Polícia Militar, Coordenador do Projeto de Implantação da Guarda Municipal e Colaborador hgfigueiredo@horizon.com.br

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