Momento de decisão
Fernanda Lima, a “cowgirl” Diana de “Bang Bang”, não esconde a insegurança na estréia como atriz
Texto: Fabíola Tavernard/PopTevê
Acordar às 5:45 h da manhã, fazer ioga até as 6:15 h, tomar banho, comer uma fruta e ir para o Projac – complexo de estúdios da Globo no Rio de Janeiro -, gravar. É esta a rotina quase diária da modelo Fernanda Lima desde que ela passou a dar vida a Diana Bullock, sua personagem em “Bang Bang”. Aos 28 anos, ela estréia nas novelas já como protagonista de uma trama para lá de inusitada, ambientada no final do Século XIX, que traz para as telas o cotidiano do Velho Oeste. Com direito a caubóis, xerifes, heróis, bandidos, dançarinas de “cancã” e, é claro, muitos amores proibidos. Ela não esconde que os novos hábitos ainda a assustam um pouco. “Brinquei pouco com a dramaturgia. E de repente me vejo numa cidade cenográfica todos os dias da minha vida, por volta de nove meses. E sem poder ser a Fernanda, tendo de ser a Diana!”, dispara, ciente de que será a mais “detonada” caso a trama de Mário Prata não vingue.
Medo e insegurança, aliás, foram os principais motivos que levaram Fernanda a hesitar quando, logo após a volta de Angélica ao comando do “Vídeo Game”, Mário Lúcio Vaz, Diretor Artístico da Globo, a convidou para fazer uma novela. A gaúcha, que estreou nas telas apresentando o “Interligado”, programa de “games” na Rede TV!, só tinha trabalhado como modelo e apresentadora até então. O “friozinho” na barriga sarada foi inevitável. “Estar aqui é uma grande prova de superação”, diz. Mas, impulsionada pelas palavras tranqüilizadoras do Diretor, “Medo é bobagem. Tem muita coisa legal para você fazer”, Fernanda aceitou ler a sinopse e, garante, foi paixão à primeira vista. “A Diana é um personagem deliciosa. Não tive como recusar”, solta.
Já nas primeiras cenas é possível notar que Diana não é apenas uma frágil mocinha perdida na “terra sem lei” que é o Velho Oeste. Valente, bela e altiva, a heroína da trama deixa muito machão de queixo caído. Principalmente Ben Silver, interpretado por Bruno Garcia, com quem vive uma intensa e proibida história de amor. O galã volta para Albuquerque, cidade fictícia da novela, a fim de se vingar do homem que, no passado, destruiu sua família: Paul Bullock, de Mauro Mendonça. O que ele não sabe é que seu grande inimigo é justamente o pai de sua musa inspiradora. Para compor a brava mocinha, Fernanda conta que buscou muito de si. “Catei a Diana lá no meu âmago, porque tenho muito do temperamento dela. Forte, durona, e com uma expressão corporal muito forte”, destaca.
Mas a preparação não parou por aí. Assim que aceitou o que, inevitavelmente chama de “desafio”, Fernanda participou, junto com boa parte do elenco, do “workshop”, uma espécie de ambientação para a novela. Apesar de já ter aprendido, quando pequena, nos pampas gaúchos, a andar a cavalo, a atriz teve novas aulas, treinou “kung-fu” e fez várias leituras sobre o faroeste. As primeiras cenas, gravadas no Deserto do Atacama, no Chile, também contribuíram para que ela estivesse mais à vontade com a “poeirada” típica daqueles tempos. “A ambientação serviu de inspiração. Mas estou sofrendo, cheia de alergia com tanta terra e poeira necessárias para as cenas”, conta, aos risos.
Ainda em fase de adaptação com a nova empreitada, Fernanda é cautelosa em relação ao futuro. Ela não esconde sua paixão pelos palcos, e diz sentir-se em casa quando o assunto é apresentar um programa. Mas parece estar tomando gosto pelo que chama de “mágica”: a possibilidade de viver várias vidas. “não quero ser ‘over’ nem mínima. Estou tentando pegar um caminho natural, sutil”, entrega. Até com a aparência, tipo de receio comum em ex-modelos, ela já parece não se importar tanto. Se for por um bom papel, abrir mão da vaidade parece valer a pena. “Tive de pôr “megahair” para deixar o cabelo selvagem da Diana. Chego aqui, eles puxam, amarram. Perdi o direito de dizer o que eu prefiro. Agora é conforme o trabalho”, conforma-se.