(Editorial) Ainda a Santa Casa

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A situação deficitária da Santa Casa ganhou outros contornos na semana. Em nota pública (em 11 de abril), a instituição hospitalar esclareceu que o dinheiro recebido (cujo repasse havia sido informado em comunicado pela municipalidade) referia-se a repasses já acertados, vindos da União, Estado de São Paulo e parte menor, da cidade. Ainda, que os 500 mil informados pelo Município, em verdade, diziam respeito a pagamentos atrasados dos meses de janeiro a março deste ano.

Qual a importância desse esclarecimento? Jogar luzes à informação da cidade de que havia feito transferências ao hospital, mas deixando de esclarecer que os repasses eram do jogo esperado: verbas acertadas em convênio e pagamentos com atraso. Não eram liberalidade da municipalidade, portanto.

A Prefeitura falhou na informação? Acreditamos que, no mínimo, foi omissa na qualidade do dado: faltou dizer a que título os repasses eram efetuados. Essa falha é exclusiva de Araraquara? Não, não é. Vamos lembrar que, no auge da discussão de ajuda econômica em função da pandemia, o governo federal, igualmente, informava total repassado a Estados, incluindo no montante, repasses constitucionais: também, não se tratava de uma liberalidade.

O que os dois casos exemplificam? Que falta qualidade na prestação de informações pelo poder público no Brasil. E em todos os níveis. E não, não estamos atribuindo sequer intenção maliciosa nos dois casos, mas apontando para necessidade de melhorar as informações disponibilizadas à sociedade.

Em nota do dia 12 último, a Prefeitura discordou da manifestação da Santa Casa. Disse, inclusive, que se afastaria “de toda e qualquer iniciativa da atual Mesa Diretora”, acusando-a de politizar a instituição.

Ora, mas se afastar de “qualquer iniciativa”? Como assim? O Executivo local estaria abandonando cuidado que deve promover em relação à saúde da população? E, se for verdadeira a acusação de politização, por que o Executivo araraquarense não provoca alguma investigação no Ministério Público, por exemplo? Afinal, a Santa Casa é mantida, em sua maioria, com dinheiro público, não?

Vejamos os próximos passos, mas a discussão criada já é péssima: perde toda a população com fragilização de importante hospital. Ainda, traz indício de falta de cuidado com bem evidentemente essencial, a saúde pública. Ou a Prefeitura está na corda bamba, no limite de descumprir atenção devida à saúde pública; ou a Santa Casa (se correta a acusação de politização) está, igualmente, nesse limite da (ir)responsabilidade. Quem deverá analisar isso e, quem sabe, tomar medidas judiciais por ato de improbidade é o Ministério Público.

O que esperamos, de qualquer forma, no mínimo, é que os “donos do poder” se acertem, com olhos voltados às necessidades reais da população. Apenas isso. A conferir.

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