Economia da solidão

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José Renato Nalini (*)

Cresce o número dos que vivem só. Não é para lamentar. Escolher a vida sem companhia é uma opção. O Instituto Gallup e a Meta, dona do WhatsApp, Facebook e Instagram, apurou que de cada quatro pessoas no planeta, uma se sente só. Isso não significa que todos os sozinhos sejam infelizes. Por isso elaborou-se a lucrativa “economia da solidão”.

Os supermercados ostentam hoje porções para uma só pessoa. Quem vive só tem de racionalizar suas compras, refletir sobre os resíduos que gera, não desperdiçar. Normalmente, são pessoas que têm condições de pensar. Têm discernimento. Parcela razoável dos que vivem sozinhos são intelectualmente ativos, têm erudição e educação no ciclo completo.

O Brasil tem quinze por cento de sua população a viver só. A felicidade da opção reside em inúmeros aspectos. Não ter de ouvir bobagens. Não ver sua privacidade invadida. Poder dormir à vontade. Usar a roupa que quer. Comer à hora que escolher, sem ter de prestar contas por isso. Dedicar-se aos seus hobbies, sem ouvir críticas.

Há casais que preferem residir em casas separadas. E dizem que isso dá mais certo do que aquela tradição de “cama de casal”, que nem sempre é a mais cômoda. Tive um amigo italiano, muito irreverente, que definia casamento como “a troca de maus humores durante o dia e de maus odores durante a noite”. Não deixa de ser uma verdade.

Os economistas perceberam que em grupos há tendência a um consumo maior, por pressão social. Enquanto isso, a pessoa que está sozinha se dá ao luxo de consumir coisas mais gostosas e mais caras. Não consumiria em grupo exatamente por causa do custo. E cresce o mercado de receitas para uma pessoa só. Que o diga Jamie Olivier.

Existe quem crie pets para ter alguém com quem conversar. Ainda não chegamos ao nível do Japão, onde a mania do Lovot, robô que faz o papel de bicho de estimação e pede abraços registrou venda superior a 300% do período pré pandemia.

Enfim, tudo é relativo. Há pessoas sós que se sentem solitárias, há pessoas sozinhas que se sentem felizes e realizadas. E existe a pior solidão: aquela de quem se sente assim, embora não esteja só. Tudo uma questão de como encarar a vida, este breve peregrinar por um Planeta ameaçado de nos extinguir, porque não soubemos conviver com ele.

(*) É Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

(Imprensa Renato Nalini)

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