O ginecologista Antonio Carlos Durante foi, até como homenagem ao seu trabalho de muitos anos, convidado por Sarah Coelho Silva para uma entrevista em Gente.
Sempre atento ao comportamento da sociedade, especialmente de suas pacientes, ele clama para que as mulheres se olhem numa redescoberta de ótica para que se sintam sempre lindas e poderosas. Confira a entrevista:
Jornal de Araraquara – Qual o método contraceptivo mais indicado?
Antonio Carlos Durante – Diante do grande número de opções contraceptivas, hoje, eu não abriria mão da segurança com as doenças sexualmente transmissíveis. O único que realmente protege é o preservativo. Dependendo da idade e do relacionamento, ele poderia ser associado ao anticoncepcional oral, injetável ou implantado. Não esquecer que o DIU representa uma segurança contraceptiva boa. Minha preferência pessoal é de associar um hormonal com preservativo.
JA – O que significa contraceptivo implantado?
ACD – São hormônios que são implantados na pele ou no útero e são liberados em micro-doses por períodos de anos que oferecem uma proposta de não engravidar e não menstruar.
JA – Esses implantes não têm contra-indicação?
ACD – Assim como os anticoncepcionais orais ou injetáveis, os implantes têm algumas contra-indicações que devem ser analisadas pelo profissional médico. Os principais são trombose venosa profunda (acidentes vasculares), hipertensão arterial, doenças do fígado e outras que devem ser analisadas casa-a-caso. Eu não gosto da associação de hormônios com cigarro.
JA – Os hormônios do contraceptivo são os mesmos usados na menopausa?
ACD – Sim, são os mesmos. Nós trabalhamos basicamente três hormônios: estrogênio, progesterona e testosterona que podem ser usados tanto isolados como combinados, dependendo da indicação. Por exemplo, uma paciente que não tem útero e deve fazer reposição hormonal… usaria só estrogênio.
JA – Por que os hormônios podem ser usados para cólicas menstruais?
ACD – Normalmente os contraceptivos orais diminuem muito as cólicas menstruais. Se você usar continuamente, não vai menstruar e não terá cólicas.
JA – Qual a sua opinião sobre tomar hormônio para não menstruar?
ACD – Existem muitas mulheres para quem a menstruação é um transtorno, tanto do ponto de vista da tensão pré-menstrual (TPM) como cólica, cefaléia, fluxo muito grande ou irregular, ou por preferência de não menstruar. Nesses casos, considero correta a indicação.
JA – Os hormônios levam a mulher a engordar?
ACD – Habitualmente não. Porém, quando uma mulher está fazendo uso de hormônio, seja contraceptivo ou na terapia de reposição hormonal, ela deve levar uma vida saudável tanto do ponto de vista de exercícios físicos como de hábitos alimentares.
JA – Mensagem
ACD – Minha mensagem é dirigida exclusivamente às mulheres. Se valorizem sempre, da adolescência à menopausa. Se protejam de gravidez indesejada, de doenças sexualmente transmissíveis e de maus parceiros. Se previnam de câncer ginecológico fazendo exames periódicos e apalpem as mamas mensalmente. A idade média de sobrevida da mulher tem aumentado gradativamente e a qualidade dela só depende de seus cuidados.
