Energias existem por todos os lados: energias boas e energias más. A gente precisa sempre estar localizando as energias boas, para mergulhar nelas, e as energias ruins para fugir delas bem correndo.
Já vi vários colegas advogados fazendo o "pelo sinal" no momento exato de entrar no fórum. Acho que eles estão cobertos de razão, porque no gesto eles estão tratando de atrair boas energias sobre si próprios para que as coisas lhe dêem certo. No hospital, a coisa é mais ou menos a mesma, porque já vi também muitas pessoas se benzendo antes de entrar, na certa com o objetivo de buscar as boas energias que estão aí no espaço, SEM DONO.
Ali na Santa Casa, onde sempre trabalhei desde que cheguei a Araraquara, há uma das salas de cirurgia que recebeu o nome do Dr. Wilson Antunes Pereira, apesar dele não ter sido cirurgião.
Pela lógica, as salas de cirurgia levam nomes de médicos operadores que se destacaram no passado. O Dr. Wilson foi meritória exceção porque, sendo clínico, tem uma sala cirúrgica com o nome dele. O motivo foi porque ele dava cobertura a todos nós cirurgiões, mantendo nossos clientes em boas condições para enfrentar a cirurgia e, nos dias seguintes, controlando as reações físicas de todos eles.
O saudoso Wilsão, como nós o chamávamos, era realmente um ótimo clínico, tendo uma inigualável rapidez de raciocínio diagnóstico. Se não bastasse, ele trazia em si, desde as palavras até aos gestos e à sua caneta, uma boa energia que fazia bem a todos os que o rodeavam como amigo, como colega e como cliente.
Havia uma palavra mágica que ele gostava de dizer, que representava a fonte de energia que ele irradiava, principalmente aos clientes. Ao entregar-lhes uma receita, ele dizia "Ânimo aí!”, sabendo que não são apenas os remédios que curam, mas a boa energia que nós médicos podemos irradiar aos pacientes, capaz de lhes abreviar as curas e até as cicatrizações.
A palavra "ânimus", do Latim, significa exatamente "a intenção de fazer alguma coisa, associada à energia que se emprega nessa intenção".
A propósito, tenho um dicionário de expressões em Latim que são utilizadas no linguajar do Direito. Há 37 frases com essa palavra "animus". Cada vez que uso alguma delas, sou levado a lembrar-me da palavra de energia que o Dr. Wilson gostava de falar.
Sendo um apreciador de energias, estampei, no canto esquerdo, algumas figuras poderosas de energia, apenas como exemplos.
A primeira da esquerda é uma estatueta de índio feita da lava de um vulcão, que brotou em chamas de uma cratera que sai do fundo da terra.
A segunda é uma que gosto muito: a energia do tempo.
A terceira é um imã, que atrai o ferro e imita a força de gravidade, que é a maior energia existente no planeta.
A quarta é uma pirâmide de cristal, com sua misteriosa energia.
A quinta é a escultura de uma divindade nativa do Hawaii, que está aí representando as divindades cultivadas, respeitadas e adoradas por cada pessoa deste nosso mundo maravilhoso.
A sexta é a eletricidade, cuja energia nos traz tantos benefícios, dos quais somos todos dependentes.
A sétima, acima de todas, é o nosso poderoso cérebro humano, onde estão depositadas as mais fantásticas energias que nós passamos a vida toda tentando controlá-las, sem conseguir tirar delas todo o proveito que elas são capazes de nos conceder.
Neste final de semana, os Médicos de Araraquara estarão vivendo momentos de confraternização, almoçando juntos para comemorar o Dia do Médico, que ocorreu no dia 18 de outubro, dia de São Lucas.
Sentado em meu escritório, senti vontade de escrever, para este fim de semana, algo dedicado a algum dos médicos araraquarenses de saudosa memória e minha escolha, como viram, recaiu no Dr. Wilson Antunes Pereira.
Vejam os leitores como se deu a escolha: Concentrei meus pensamentos em nossa Casa do Médico em busca de inspiração para fazer a escolha do homenageado. Nossa Casa do Médico se situa na Rua Voluntários da Pátria nº 1.478. Como eu sou ligado em números, pensei que a Voluntários é Rua 5 e que 5 é o mês de maio. Aí eu parti para o número do prédio, que é 1-4-7-8. Somei 1+4 e deu 5, confirmando o mês de maio. Em seguida somei 7+8, deu 15 e o resultado foi 15 de maio. Nessa hora me emocionei, porque me pareceu, na memória, que foi nessa data que aconteceu de falecer meu querido colega e amigo Dr. Wilson. Para confirmar a data, peguei meu carro e corri até a Casa do Médico para examinar a ficha dele. Era horário de saída do Colégio Progresso e não havia nenhuma vaga para estacionar em frente da Casa do Médico. Assim sendo, estacionei no começo da quadra seguinte, bem em frente do Restaurante Kadicha.
Na Casa do Médico, nosso querido secretário Adjalma procurou no arquivo a ficha do Dr. Wilson e me confirmou que ele faleceu no dia 15 de maio de 1984. Ao voltar para meu carro, olhei instintivamente para o enorme número do prédio do Kadicha e me estremeci com nova emoção, porque o número dele é 1505, que corresponde exatamente a 15 de maio.
Não foi simplesmente que escrevi hoje sobre o Dr. Wilson, pois todas as energias de nosso universo me impeliram a homenageá-lo nesta data, tendo sido um médico que nos foi tão querido em Araraquara.
E, para terminar, lembro com emoção que, na tarde de segunda-feira, dia 14-5-1984, véspera de seu falecimento, o Dr. Wilson saiu do consultório dele e entrou no meu, que ficava ao lado, para conversar comigo sobre as idades dos médicos. Falou, em tom meditativo e, ao final, deu um soquinho de punho fechado em minha mesa dizendo prá mim: "Ânimo aí, Guará! "
Nesta data, repasso, aos queridos colegas médicos que me lêem, essa palavra "ânimo", com ponto de exclamação, que é uma das mais energéticas de nossa língua, tendo sido esta a mensagem que, através de mim, nos deixou o queridíssimo Dr. Wilson Antunes Pereira.
