De ficiência Auditiva em criança: motivos que levam à suspeita

Cibele Cristina Boscolo (*)

A audição é um sentido essencial para a aquisição da linguagem. É através dela que o indivíduo recebe informações, lingüísticas ou não, proporcionando condições para desenvolver comunicação oral e interagir com o meio em que vive.

Os primeiros anos de vida são críticos para o desenvolvimento da audição e da linguagem, pois neste período ocorre, com mais intensidade, a maturação do sistema nervoso central. Uma criança que possui uma diminuição na capacidade auditiva poderá ter sua linguagem prejudicada, pois a perda poderá interferir no processo do desenvolvimento de linguagem assim como no social, emocional, cognitivo e intelectual. Desta forma torna-se importante à identificação precoce das alterações auditivas para que a criança possa ser reabilitada a fim de alcançar um desenvolvimento lingüístico, auditivo e educacional compatível com a faixa etária em que se encontra.

Atualmente já é possível diagnosticar a deficiência auditiva em bebês recém-nascidos através do trabalho do fonoaudiólogo em hospitais e maternidades. A avaliação é feita observando-se as respostas reflexas que estes apresentam a estímulos sonoros intensos e submetendo-os a avaliações objetivas através de métodos eletrofisiológicos seguros e de rápida aplicação como as Emissões Otoacústicas e BERA.

Porém, nem todas as cidades possuem esse tipo de procedimento. Nos lugares onde ainda não é possível realizar o diagnóstico ainda no berçário torna-se necessário que os pais fiquem em alerta com a audição de seus filhos. É fundamental que a os pais levantem a suspeita observando se o bebê acorda com barulhos, olha quando é chamado, escuta a campainha da casa e do telefone, assusta-se com portas que batem, e que se acalma quando ouve a voz da mãe. Ao nascer, o bebê apresenta apenas audição do tipo reflexa manifestada através de reações motoras como piscar de olhos, movimentos generalizados de todo o corpo em resposta a estímulos sonoros intensos. Com duas semanas de vida, a criança adquire uma atitude auditiva ao som da voz humana e, com quatro semanas, ela é acalmada pelo som, modificando sua atividade ao ouvi-lo. Por volta dos quatro meses, os sons fazem com que ela volte a cabeça, assistematicamente, na sua direção, mesmo que não sejam tão intensos, iniciando a fase de localização da fonte sonora. Uma das respostas auditivas mais seguras e concretas que um bebê pode apresentar a um estímulo sonoro é acordar com barulhos intensos, quando recém nascido e menos intensos, à medida que se desenvolve.

Hora da fala

Um atraso na aquisição de fala e linguagem é outro aspecto que merece atenção. Muitas vezes esse atraso pode estar associado a uma deficiência auditiva. Deve-se ficar atento para o fato de que o bebê por volta de 9-10 meses deve começar a falar “mama”, “papa” e outras pequeninas palavras, assim como a atender ao nome quando chamado.

Para as crianças maiores torna-se necessário observar se falam em voz muito alta ou muito baixa, se aumentam volume de rádio e televisão, se apresentam dificuldade na pronúncia das palavras, se são desatentas ou hiperativas, se não entendem e pedem muitas vezes a repetição do que é dito, se falam muito hã, hã…, pois estes são sinais de alerta que podem indicar a presença de vários graus de perdas auditivas.

Para todos os distúrbios auditivos, quanto mais cedo forem diagnosticados, maiores serão as chances de habilitar o seu portador, através da seleção, indicação e adaptação adequadas de aparelhos de amplificação sonora e do emprego de métodos de treinamento apropriados, que permitam o desenvolvimento pleno de suas capacidades de comunicação.

Causas

Já sabemos como suspeitar da deficiência auditiva, porém, o que pode provocá-la?

Existem vários fatores que podem provocar a deficiência auditiva na criança dentre os quais podemos destacar: hereditariedade (presença de familiares próximos com a deficiência), doenças como Meningite, Caxumba, Sarampo, ingestão de antibióticos por um longo período em doses muito altas, crises freqüentes de dor de ouvido com purgações (pus) com ou sem cheiro, além de intercorrências na gestação como exposição a doenças como rubéola, sífilis, sarampo, citomegalovírus, toxoplasmose e AIDS, ingestão de bebidas alcoólicas e drogas, uso de medicamento sem orientação médica, além das causas desconhecidas. O que podemos verificar é que algumas das causas da deficiência podem ser evitadas por meio de vacinação e realização de um pré-natal controlado pelo médico ginecologista.

Nos casos de suspeita de deficiência auditiva torna-se necessário procurar o médico Otorrinolaringologista que é o médico especialista em doenças da audição, e um fonoaudiólogo para que sejam tomadas as providencias para um tratamento adequado.

(*) É Fonoaudióloga Mestre em Fonoaudiologia pela PUC-SP, Especialista em Audiologia pelo CFFa , Docente e Supervisora do Estágio de Audiologia Infantil do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário de Araraquara – UNIARA.

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