De 1902 a 2002

Na foto da direita, estou feliz ao lado de meu querido pai Arlindo, nascido em 1902, 28 de setembro. Ele me dizia que esse dia de seu nascimento foi um domingo e achava isto importante, por ser um Dia Divino.

A palavra domingo veio de "Dominus", do Latim, que significa "Senhor", tal qual está na oração original da Ave Maria, servindo para significar dono de alguma coisa, ou para significar um Ser Todo-Poderoso.

Antigamente, os imperadores romanos adoravam o deus Sol e o domingo era o "Dia do Sol", como ainda usam em inglês ("Sunday"). Quando o Imperador Constantino I se converteu aos conceitos bíblicos, ele denominou o dia religioso de "domênica", tal qual se diz em italiano e que, em português, se transformou na palavra domingo.

Papai era tão ligado à força espiritual do domingo, dia em que nasceu, que passou sua vida dedicado às atividades religiosas, tendo sido um dos baluartes da Igreja Presbiteriana, tanto em São José do Rio Preto quanto em nossa Araraquara. Foi Presbítero nas duas cidades, significando tal cargo que ele costumava fazer parte do Conselho da Igreja Presbiteriana, cuja função é administrativa, deliberativa e de aconselhamento dos membros ou fiéis

Se ainda estivesse vivo, Papai teria completado, no sábado passado, dia 28-9-2002, 100 anos de idade.

Exatamente nesse dia, o Repórter Radialista Antonio Carlos Araújo, "Voz de Ouro" da Rádio Cultura, me convidou para falar em seu ouvidíssimo programa "Dicas de Saúde" sobre alguns temas de Medicina e de Direito. Na emoção da data, fiz uma saudação ao Centenário de Nascimento de Meu Pai. Acabei ficando com a voz embargada, deixei cair algumas lágrimas e precisei respirar fundo para dar continuidade ao programa.

Mas foi bom, porque a emoção havida me fez chegar em casa e escrever uma poesia pro Papai, do fundo do coração e em nome também de minhas duas irmãs, Lóyde e Leila, que também estavam sentindo a data.

Estou publicando ao lado essa poesia junta com duas fotos de Meu Pai Arlindo Rodrigues da Costa, filho de Meu Avô Manéco.

Papai tinha tudo para ser araraquarense, porque Manéco e Eulália moravam aqui, mas o casal se mudou para Capivary em 1897, onde nasceram alguns de seus filhos, inclusive Arlindo. Em 1909, Vovô retornou a Araraquara e Papai foi alfabetizado no Carlos Baptista Magalhães, onde foi colega de classe do saudoso vereador Mário Ananias.

Vovô Manéco era carpinteiro e ensinou sua profissão a quatro de seus muitos filhos: Arlindo, João, Paulo e Cilas. Os quatro foram muito craques no trabalho com madeiras, tendo eles construído os madeiramentos das estações ferroviárias e respectivos armazéns e residências desde Uchoa até Santa Fé do Sul.

Há uma avenida em Araraquara com o nome de Meu Pai e isto me deixa muito orgulhoso, sentindo que ele mereceu tal honraria.

Tenho centenas de fotos em minha coleção, mas somente uma foi tirada por mim de Papai trabalhando como carpinteiro. Foi a primeira foto que tirei ao comprar minha máquina fotográfica. Foi uma foto bem natural, porque aparece o martelo em movimento. Outro detalhe que devo comentar é que ele estava batendo em cima de um pedaço de trilho, tal qual faziam todos os carpinteiros ferroviários da época. Vou dizer aqui uma coisa que os leitores já têm certeza: Esse trilho da foto está comigo, bem conservado e usado por mim diariamente, transformado num pedestal onde subo todas as vezes que atendo alguém pelo vitrô de minha casa, porque dá a altura certa.

Todos os leitores já se acostumaram de tanto que falo de meu Avô Manéco. É que me pareço com ele em tudo: na cara, no modo de ser e nas manias. Do meu pai herdei outras características, mas tenho braços finos como Mamãe, enquanto Papai tinha braços fortíssimos. Assim é que, quando criança, gostava que ele me pegasse no colo e me levantasse bem no alto, porque admirava a força dele. Quando ele chegava do trabalho, me erguia sorridente e me chamava de "Gonzaguinha" desde o dia em que me levou, quando eu tinha 4 anos de idade, para conhecer a estação da Estrada de Ferro logo depois de São José do Rio Preto, chamada Gonzaga de Campos, destinada ao embarque de gado. Eu gostei tanto do passeio que ele, para me agradar, me chamava de "Gonzaguinha".

No mês passado, veio falar comigo, lá no Gauchop, o quintanista de Direito Paulo Roberto Francisco Franco, que carreguei ao colo quando nasceu, sendo amigo dos pais dele, exímios dançarinos do Clube 22. Fiquei supercontente quando ele me disse que é leitor assíduo de minhas crônicas e que gosta de meu estilo. A forma como ele me disse foi muito engraçada. Ele comentou que, através da leitura, já sabe tudo de minha vida e que posso até fazer-lhe uma sabatina que ele sabe responder sobre tudo o que já me aconteceu, inclusive sobre as coisas da vida de Meu Avô Manéco.

Agora, prezado Paulo, tendo escrito uma porção de coisas de Meu Querido Pai Centenário, vou ficar contente se você me disser que leu e que gostou, porque sei que você também gosta muito de seu pai.

Finalmente, sendo dia de eleições, aproveito para eleger, pelo meu gosto, O MELHOR PAI DO MUNDO, o queridíssimo Arlindo.

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