Como lidar com a rejeição

Marilene Volpatti

O que há de especial em algumas pessoas que são capazes de suportar o “não”?

Poucas pessoas conseguem dar a volta por cima, em matéria de rejeição, depois de perder um emprego cujo salário era de aproximadamente 5.000 reais. Claro que é um tremendo abalo. Não significa, porém, que a pessoa seja ruim ou que o chefe não gostava dela. Mais do que segurar a barra, com elegância, é transformar a experiência em negócio lucrativo.

A capacidade de enfrentar a rejeição e seguir em frente é uma característica de uma educação correta. Se você cresce numa família que não lhe passa amor e segurança, fica com a auto-estima em baixa. Por isso a necessidade da opinião alheia para sentir que tem algum valor. Uma demissão ou qualquer outro tipo de rejeição tornam-se um desastre.

Tânia é um exemplo da importância que a família tem em casos assim. Aos 31 anos, ainda não superou o trauma quando da separação dos pais. A mãe ficou tão arrasada que a entregou aos cuidados dos avós. Levou muito tempo para entender que não era uma garotinha ruim e que por isso tinha sido abandonada. Até hoje qualquer dificuldade na vida pessoal ou profissional reabre a ferida. No íntimo, ela sabe que tem pavor de ser reprovada.

Quanto mais tênue a auto-estima, mais vulnerável à rejeição, porque leva tudo pelo lado pessoal. Acredita que a demissão ou a perda do companheiro são o fim de tudo, que não serve mais para nada.

Realidade

Não é fácil lidar com a desaprovação. Depende muito da maneira como vê o mundo, interpreta a realidade. Se for, basicamente, uma pessoa otimista tem mais chance de enfrentar a situação, pois não encara o que aconteceu como reflexo da sua “ruindade”, não sente que foi culpada. Sua. Tem mais: acredita que a desgraça não vai durar para sempre ou voltar a acontecer. Se for pessimista, reagirá exatamente ao contrário.

Pais e professores ajudam – ou atrapalham demais – nessa tarefa. Se, por exemplo, diziam à criança que ela era burra quando tirava nota baixa em vez de sugerir que estudasse mais, com certeza foi empurrada para o pessimismo. O que se coloca na cabeça na infância, estará na vida do adulto…

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Vendedores bons são excelentes modelos para quem deseja aprender a lidar com a rejeição. São bem-sucedidos, são o otimismo personificado. Em grande parte, eles se dão bem por terem a capacidade de se antecipar à rejeição.

Poucas pessoas são otimistas o tempo todo. Mas, também, nenhuma pessoa normal é pessimista 24 horas. O mais comum é a reação ser influenciada por onde a rejeição atinge. Quanto mais perto do ponto franco, mais vulnerável fica. O que se pode fazer é não abrir a defesa. Não deixar ninguém ou seja lá o que for, tornar-se o centro da vida. Como não é possível controlar as pessoas, de uma maneira geral, não tem sentido construir as esperanças atreladas a alguém. Nada é mais ruim, do que acreditar que existe uma única pessoa no mundo capaz de fazê-lo feliz.

Correndo riscos

É perfeitamente normal não querer ser rejeitado, mas, tentar evitá-la a todo custo não é uma boa idéia. O risco de ser preterido faz parte, e não se pode deixar de correr se quiser estar aberto para novos relacionamentos ou novos trabalhos. De uma certa maneira, é a única forma de amadurecer.

Não há como escapar da rejeição, mas há formas de amenizar a dor. Algumas regras podem ser seguidas.

* Uma delas é a própria rejeição. À medida que vai se repetindo, dói menos.

* Separar o imaginário da realidade. As pessoas custam a entender que as atitudes dos outros em relação a elas podem não ter nada a ver.

* Observar quem o rejeita. Acontece de a rejeição ser real, mas pode diminuir o impacto, tentando entender o temperamento do outro. As vezes a rejeição é muito mais um problema dele.

* Não fazer dramas. Levante a cabeça e encare a situação de forma positiva. Não vai acontecer novamente. São coisas da vida.

* Ajuda. Nada como um bom bate-papo com aquele parente ou amigo que tanto você admira.

* Tentar outras vezes. Um sim nos deixa bobos. Um não fortalece o caráter, se não deixar se abater por ele.

* Mantenha-se sempre ocupado. Não somos responsáveis pelos pensamentos que passam em nossas mentes, mas, somos culpados se alimentá-los. O ideal é não ficar com pena de si mesmo.

FELIZ 2004 PARA TODOS

Serviço

Consultoria: Drª Tereza P. Mendes, Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.

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