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Câncer de mama: é possível prevenir?

Rosa Godoy (*)

O câncer de mama é uma doença que, apesar de bastante freqüente na sociedade moderna, raramente atinge as mulheres com mais de 35 anos, ocorrendo o maior pico de incidência durante ou após a menopausa. Atualmente é a segunda causa de mortalidade feminina. Além da idade, outros fatores de risco referem-se a:

História familiar de câncer de mama;

Menopausa tardia (após os 50 anos);

História anterior de outros cânceres ginecológicos ou não;

Uso de hormônios, incluindo anticoncepcionais, que são mais lesivos se associados ao fumo, álcool, alimentos ricos em gorduras saturadas e vida sedentária;

O câncer de mama inicia-se com uma célula única que num período de 30 a 210 dias se divide, provocando o aparecimento de outras células que, multiplicando-se provocam a formação de um tumor. São necessários aproximadamente 16 tempos de duplicação para que um tumor atinja o tamanho de 1 centímetro, detectável clinicamente pela palpação. Através de técnicas radiológicas, no entanto, os tumores podem ser detectados mais precocemente, razão pela qual, recomenda-se que as mulheres adultas submetam-se à mamografia todos os anos, em especial, as com mais de 35 anos.

Dado esse perfil nosológico, não se pode verdadeiramente falar em prevenção específica de câncer de mama, apenas na sua detecção precoce pois quanto mais precocemente detectado, maiores são as chances de extirpação do tumor e de impedimento da migração de células cancerosas para outros locais, sejam eles das próprias mamas ou outros órgãos. Hoje em dia, as técnicas cirúrgicas encontram-se bastante adiantadas, tanto no que tange à retirada segura do tumor quanto à reconstituição da mama afetada, fundamental para recobrar a auto-estima da mulher. Muitas vezes, seguindo-se à cirurgia são necessários outros procedimentos para impedir a eventual multiplicação de células que permaneceram ou que migraram para regiões circunvizinhas. É fundamental o controle rigoroso de saúde para mulheres que já têm história de câncer de mama, mesmo após a cura.

Ainda com relação à prevenção, se há algum tempo era indiscutível, hoje há uma grande discussão em torno da utilidade do auto-exame das mamas. Há os que defendem sua realização pelo menos uma vez ao mês, após a menstruação, se a mulher ainda menstruar. No caso das que não menstruam mais, devem fazê-lo na mesma época todos os meses. O auto-exame exige a utilização de técnica correta que consiste em palpar as regiões axilar e mamária (com as pontas dos dedos, em movimentos de fora para dentro, em círculos) buscando detectar entumecimentos, nódulos e outras formações. É importante também a rigorosa observação da pele para buscar a presença de zonas de repuxamento, mudança de coloração e outras mudanças. Desnecessário se torna dizer que quanto mais a mulher conhecer o próprio corpo, mais facilmente detectará as mudanças, facilitando o trabalho do médico que deve ser procurado pelo menos uma vez ao ano ou quando necessário.

Ocorre que o tecido mamário é extremamente irregular e é comum a presença de regiões diferenciadas em termos de consistência e regularidade, o que dificulta saber se se trata ou não do início de um tumor. Isso faz com que mesmo profissionais experientes possam enganar-se quando se baseiam apenas no exame físico para o diagnóstico. Essa é a razão principal pela qual a maior parte dos especialistas (mastologistas) recusam-se a aceitar o auto-exame e defendam como forma de detecção precoce do câncer de mama apenas os meios diagnósticos específicos como a mamografia, a ultrassonografia, a biópsia aspirativa ou aberta e outras tecnologias. Para os mais radicais, mesmo a palpação feita pelo ginecologista é passível de erro e, sendo assim, o controle de saúde deve obrigatoriamente incluir a mamografia seguida de outros exames, se for o caso.

Tal recomendação adquire maior significado quando se levam em conta os serviços de saúde públicos ou de convênios de menor custo que, em geral, são os disponíveis para a população de baixa renda, num franco processo de exclusão da assistência à saúde compatível com suas necessidades, especialmente a de maior custo, embasada em recursos tecnológicos. Nesses serviços, muitas vezes, a marcação de uma mamografia pode levar até seis meses, o que com certeza vai agravar um câncer em progressão, dado o tempo relativamente curto para o prosseguimento do processo mórbido.

Na saúde da mulher, quando se coloca em tela o câncer de mama é também contra essa ordem de coisas que devemos nos insurgir porque a luta contra a doença é indissociável da luta contra a exclusão social.

(*) É enfermeira e colaboradora do JA

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