O número de cheques devolvidos por falta de fundos em março foi recorde no ano e o segundo maior registro mensal dos últimos 13 anos, segundo pesquisa da Serasa. A cada mil compensações foram devolvidos 17,2 documentos contra 16, em fevereiro, 16,7, em igual período do ano passado.
Esse volume só foi superado, em maio de 2003, quando as devoluções atingiram 17,6 cheques a cada mil compensados.
No trimestre, houve uma evolução de 7,9% sobre igual período do ano passado com a média de 16,3 cheques, a maior da história da pesquisa da Serasa, em relação ao acumulado dos três primeiros meses do ano. A segunda maior inadimplência ocorreu no primeiro trimestre de 2003 (15,1 cheques devolvidos).
Em março, passaram pela compensação 189,25 milhões de cheques, dos quais 3,25 milhões não tinham a provisão necessária na conta dos emitentes para a liquidação. Esse movimento de devolução foi 7,5% acima do mês anterior e 3% maior do registrado em março de 2003. De acordo com a análise técnica da Serasa, o aumento se deve à aceitação de cheques pré-datados no comércio varejista.
Consumidores que fizeram as suas compras durante o período natalino estariam agora em dificuldades para incorporar no orçamento atual os débitos assumidos anteriormente. Tomando por base essa justificativa, a Serasa estima que a inadimplência com cheques permanecerá elevada ao longo de todo o primeiro semestre.
Além disso, a empresa observa em sua pesquisa que esse quadro está associado "à conjuntura não favorável ao consumidor, com juros elevados, alto desemprego e renda em queda". Um dos fatores para a inadimplência, segundo a Serasa, é a compressão do rendimento com a não correção da tabela do Imposto de Renda e a criação de novos impostos e taxas. Mesmo assim, projeta uma melhora nas condições de pagamento, observando que os sinais de recuperação da atividade econômica, no final do primeiro trimestre, ainda que localizados, podem trazer algum alívio com a absorção de trabalhadores desempregados.