Embora a blefarite não seja tão conhecida entre a população em geral, é uma doença oftalmológica muito comum. Estima-se que a prevalência em pessoas com mais de 40 anos é de 8,8%, de acordo com um estudo recente.
A blefarite, popularmente conhecida como “caspas nos cílios”, é uma doença ocular caracterizada pela inflamação crônica nas margens palpebrais. O palavra “blefarite” se origina do grego “Blepharon”, que significa pálpebras e “ite”, termo usado para inflamação.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialistas em cirurgia plástica ocular e anexos palpebrais, a blefarite, na maioria dos casos, está associada à disfunção das glândulas sebáceas das pálpebras, chamadas de glândulas de Meibômio.
“Essas estruturas são responsáveis pela produção e secreção do meibum, sebo que compõe a parte oleosa da lágrima. As glândulas meibomianas se localizam nas bordas palpebrais, região em que as mulheres costumam aplicar delineadores e lápis de olho. Ao todo, temos 25 glândulas na pálpebra superior e cerca de 20 na inferior”, explica.
“A produção e a secreção do meibum são essenciais para assegurar a lubrificação e a nutrição da superfície ocular. Contudo, algumas pessoas desenvolvem um processo inflamatório nas glândulas meibomianas, que pode levar a alterações na quantidade ou na qualidade do meibum, desencadeando os sintomas da blefarite”, comenta a especialista.
Além das caspas nos cílios – Conheça os demais sinais e sintomas da Blefarite
Popularmente, a blefarite é conhecida como “caspas nos cílios”, pois esse é um dos sintomas mais característicos da doença. “Em geral, quem tem blefarite costuma acordar com crostas que podem, literalmente, grudar uma pálpebra na outra, especialmente pela manhã. Isso é resultado da descamação da pele e do acúmulo do sebo nos ductos das glândulas palpebrais”, diz Dra. Tatiana.
Porém, é apenas uma das inúmeras manifestações da blefarite. Outro ponto é que os sintomas costumam afetar os dois olhos, podendo ser mais ou menos intensos. Confira abaixo a lista completa dos sinais e sintomas da blefarite.
- Inchaço e vermelhidão nas margens palpebrais
- Coceira intensa nas pálpebras
- Perda de cílios
- Acúmulo de remela ao longo dia (especialmente no canto do olho, próximo ao nariz)
- Formação de crostas (caspas nas bordas palpebrais)
- Vermelhidão no globo ocular
- Sensação de areia nos olhos
- Ardência e irritação ocular
- Fotosssensibilidade (sensibilidade à luz)
- Lacrimejamento (a lágrima fica mais espumosa)
- Visão embaçada
Inflamação nas pálpebras é mais prevalente em mulheres
A blefarite pode afetar qualquer pessoa, embora seja mais prevalente em mulheres na menopausa. Vamos conhecer agora outros fatores de risco, que são as condições que aumentam a chance de uma pessoa desenvolver a doença.
- Menopausa
- Uso de hormônios como a testosterona
- Ser mulher
- Ter mais de 40 anos
- Dermatite seborreica
- Rosácea
- Olho Seco
- Infestação de ácaros Demodex
Como funciona o diagnóstico
O diagnóstico da blefarite nem sempre é rápido. A razão é que muitas pessoas desconhecem a existência da condição e podem demorar para procurar um oftalmologista.
Normalmente, o diagnóstico da blefarite é clínico, mas é possível usar alguns exames adicionais para avaliar outros aspectos envolvidos nas disfunções das glândulas meibomianas.
“Durante a consulta, levantamos todo o histórico do paciente e realizamos os exames oftalmológicos de rotina. Em geral, usamos a lâmpada de fenda, que consiste numa luz de alta intensidade usada em conjunto com um microscópio. Esse exame nos permite examinar as estruturas da parte da frente dos olhos, como as pálpebras, a córnea e a conjuntiva”, conta Dra. Tatiana.
“Todavia, em alguns casos podemos realizar outros exames, como o teste de Schirmer, que nos traz informações importantes sobre a produção e a taxa de evaporação do filme lacrimal. Temos ainda a meibografia, exame de imagem que oferece dados e imagens mais minuciosos das estruturas glandulares e do filme lacrimal. Normalmente, quem tem blefarite também desenvolve a síndrome do olho seco. Portanto, quando há essa suspeita, podemos confirmá-la por meio desses exames complementares”, complementa a médica.
Tratamento atual blefarite – Veja as opções
A blefarite é uma doença crônica, ou seja, quando a pessoa recebe o diagnóstico, vai precisar de tratamento ao longo da vida. Vale esclarecer que a severidade dos sintomas varia de paciente para paciente.
“Entretanto, em muitos casos os sintomas são mais intensos e podem afetar bastante a qualidade de vida. O tratamento clínico pode ser adequado para os casos mais leves. Podemos usar alguns medicamentos e medidas simples, como a higiene diária das pálpebras”, conta Dra. Tatiana.
Porém, nos casos mais severos, em que a pessoa tem muitos sintomas e crises recorrentes, pode ser preciso um tratamento que consiga agir diretamente na resposta inflamatória da blefarite, como a Luz Intensa Pulsada (IPL).
Luz Intensa Pulsada e Blefarite – O que você precisa saber
A introdução da Luz Intensa Pulsada (IPL) para tratar doenças oculares é relativamente recente, mas trouxe ótimos resultados no controle das crises e remissão dos sintomas da blefarite e do olho seco. A IPL é uma energia luminosa, que quando aplicada se transforma em energia térmica, ou seja, calor. Durante a aplicação, o calor é absorvido pela camada superficial das pálpebras, resultando em inúmeros efeitos.
“O calor amolece as secreções endurecidas e acumuladas nas glândulas de Meibômio. Outro efeito importante é a cauterização dos vasos sanguíneos que alimentam a inflamação. Finalmente, a energia térmica reduz ou elimina a proliferação os ácaros Demodex e de bactérias, que costumam estar presentes nos quadros de blefarite”, comenta Dra. Tatiana.
Após a aplicação da IPL, o oftalmologista faz a remoção manual das secreções, levando à desobstrução das glândulas sebáceas das pálpebras. Portanto, a IPL é fundamental para restabelecer a função das glândulas de Meibômio.
“Independentemente do tipo de tratamento, o mais importante é que na presença dos sintomas, como as caspas nos cílios, o paciente procure um oftalmologista. A blefarite interfere na qualidade de vida e na visão, podendo até mesmo evoluir para problemas na superfície ocular”, finaliza a especialista.
(Leda Sangiorgio – Assessoria de Imprensa)
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