Casa SP Afro Brasil recebe o projeto “Mestre Irá: a ancestralidade presente no samba”

Neste sábado (20), a partir das 18h, a Casa SP Afro Brasil “Oswaldo da Silva – Bogé” será palco de uma noite regada de muito samba raiz, com músicos da melhor qualidade que farão um resgate da ancestralidade africana, percorrendo sua história até a consolidação do gênero enquanto identidade nacional. É o projeto “Mestre Irá: a ancestralidade presente no samba”, contemplado pela Lei Paulo Gustavo do Ministério da Cultura, como incentivo ao setor cultural.

Mestre Irá conta que na história do samba, o gênero musical Lundu, ritmo de raízes rítmicas angolanas, que se popularizou no século XIX, se perpetuou e se estabeleceu recebendo diferentes influências na sociedade, sendo o lundu-canção uma das influências para originar o maxixe, e em seguida o próprio samba. “Diante disso, o show iniciará com a execução de um lundu presente no primeiro disco gravado no Brasil, pela Casa Edison, em 1902, ‘Isto é Bom’, do compositor Xisto Bahia, o jongo ‘Nasci N’Angola’, de origem banto, gênero que influenciou diretamente o samba paulista e carioca, e em seguida o maxixe corta-jaca de Chiquinha Gonzaga, gravado em 1910-1912, de acordo com o arranjo percussivo dos dois gêneros citados”, destaca.

Será apresentado o primeiro samba gravado, “Pelo Telefone”, de 1917, e para contextualizar o cenário do surgimento do samba, haverá a apresentação de canções de Noel Rosa e Wilson, de Geraldo Pereira, Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho, Noca da Portela, Cartola, Ataulfo Alves, Conjunto A voz do Morro, Elza Soares, Geraldo Filme, Oswaldinho da Cuíca, Candeia, Dona Ivone Lara e Fundo de Quintal, até os sambas que se consagraram nos anos 80 em diante, nas vozes de Zeca Pagodinho, Originais do Samba, Almir Guineto, Jorge Aragão, Beth Carvalho, entre outros.

Mateus Rodrigues, instrumentista e integrante do projeto, falou sobre a relevância do encontro. “O samba do Mestre Ira é um projeto de grande importância para o cenário cultural de Araraquara, por realizar um resgate da memória identitária da cidade, ao valorizar o samba da velha guarda, e ser composto por sambistas que sempre estiveram presentes, na resistência, e perpetuação do samba autêntico. Além disso, este projeto ser contemplado por uma política pública cultural também representa a necessidade de projetos que carregam a proposta de manifestação da cultura popular em suas raízes estarem ocupando espaços de caráter público, e de forma gratuita, na busca por proporcionar eventos culturais mais acessíveis a toda população”, comentou.

O Samba do Mestre Irá é composto por quatro músicos e o banjo se faz presente entre os instrumentos, visando uma representação original da roda de samba e do partido alto, e comandado pelo grande sambista da velha guarda de Araraquara, Mestre Irá, compositor, de sambas e samba-enredos, uma importante figura também do contexto carnavalesco da cidade, que carrega em sua forma de cantar características do samba raiz que não se encontram nos intérpretes atuais.

Alessandra Laurindo, coordenadora de Políticas Étnico-Raciais, também valorizou o objetivo do evento. “Receber esse projeto na Casa SP Afro Oswaldo da Silva – Bogé propicia de forma gratuita uma apresentação de 3 horas de duração, reunindo um grupo completo de instrumentistas, além de levar ao público um repertório representativo das raízes da identidade afro-brasileira. São músicos renomados, cada um com sua história, que se unem para entregar o melhor da Música Popular Brasileira no gênero do samba. Ter Mestre Irá, Júnior Barros, Eloi Brito e Mateus Rodrigues é um presente para uma bela noite de sábado, portanto, prestigiem”, salientou.

SERVIÇO

Projeto “Mestre Irá: a ancestralidade presente no samba”
Dia/horário: Sábado, 20 de abril, às 18h
Local: Casa SP Afro Brasil “Oswaldo da Silva – Bogé”
Endereço: Av. Paulo da Silveira Ferraz, N° 1195 – Vila Xavier – Araraquara
Mais Informações: (16) 3322 8316 / 3333 2035

Gratuito