Carlos Alberto Staufackar é formado em Fisioterapia e especializado em Morfoanálise, uma terapia psico-corporal, criada pelo fisioterapeuta francês Serge Peyrot.
Além de atuar no Posto de Saúde de Guatapará, é professor de Massagem Relaxante e Energética no Senac de Araraquara.
Indicado por Sarah Coelho Silva é o destaque em Gente.
JA – De que forma descobriu sua aptidão?
CAS – Morava em São Paulo e cursava a faculdade de Psicologia quando me apresentaram a Agnes Geocze, criadora e mestre da massagem integrativa. Fiz a formação com ela. Fiquei surpreso com a habilidade que descobri em minhas mãos e a intuição despertada. Tranquei a matrícula no curso de Psicologia e fui fazer Fisioterapia. A Morfoanálise concretizou esse histórico porque reúne todas essas linhas em um só trabalho.
JA – O que diferencia seu trabalho?
CAS – Acredito que seja a visão global que temos do paciente. Procuramos despertar a sensibilidade profunda e o reencontro e a verbalização das sensações, a expressão das emoções. Elas permitem à pessoa sentir, elaborar e compreender a relação entre as manifestações corporais, psíquicas e emocionais.
JA – E como começou a trabalhar no Senac?
CAS – Comecei em Santo Amaro. A unidade não tinha uma área de Saúde implantada. Ainda no prédio antigo, começamos com o curso de Massagem Relaxante e Energética. Foi o primeiro curso da área de Saúde da unidade. Fico muito feliz de ainda atuar na instituição, pois desde o início sempre respeitaram e dignificaram a mim e ao meu trabalho de maneira surpreendente, dando condições para que eu sempre possa exercê-lo de maneira satisfatória.
JA – Tem outros projetos para o Senac?
CAS – Tenho muitos. Alguns ainda estão comigo, mas já levei a proposta de dois novos cursos dentro da minha área e que são de grande interesse para o público. Aliás, gostaria de aproveitar para dizer que o Senac é admirável na captação de idéias arrojadas, além de ser uma instituição de ponta.
JA – Há uma ligação entre as histórias de nossas vidas e os nossos problemas físicos?
CAS – O corpo reflete a forma do que somos. Ele contém nossa história. Estar presente conscientemente no lugar do nosso corpo é estar em contato com a vida, o prazer, a dor, a alegria e a transformação. Essa é a vocação e o objeto de estudo do Terapeuta Morfoanalista.
JA – Como se sente ao solucionar os problemas?
CAS – Quando isso se dá, não é da noite para o dia. Exige trabalho, paciência e dedicação. É um trabalho de equipe, o meu processo pessoal, meus supervisores e, o mais importante de tudo, a implicação ativa do paciente naquilo que ele está buscando. A satisfação é generosamente partilhada entre todos nós.
JA – E a resposta dos pacientes?
CAS – Cada um tem seu ritmo. É necessário que se respeite isso. Sendo assim, não há unanimidade nas respostas, aliás, são muito diversas, próprias do ser humano.
JA – Como é a relação terapeuta-paciente?
CAS – O Terapeuta Morfoanalista trabalha a cada instante a unidade corpo-mente do paciente. O Morfoanalista não induz, sendo porém ativo. Ele não procura “forçar” as defesas do paciente através de “exercícios”. Respeita-se o ritmo de cada pessoa. A empatia profunda do terapeuta e o cuidado simultâneo nos níveis muscular, energético e sensitivo permitem a dissolução de somatizações e fdos traumatismos masi arcaicos e suas resoluções. É importantíssimo trabalharmos sempre com a verdade.
JA – Os pacientes da 3ª Idade são mais dóceis?
CAS – A docilidade pode ser encontrada em qualquer fase da vida. Se as pessoas idosas são mais doceis? Depende de sua alma e história de vida e tantos outros fatores que sabemos. Acredito ser uma das fases mais belas da vida, quando ainda sobra dignidade. Nelson Rodrigues, quando idoso, disse: “Jovens, envelheçam!”
JA – Quando alguém sente muita dor, o que diz?
CAS – Procuro vigiar-me para permitir que a pessoa possa falar de sua dor do modo mais sincero possível. Há várias categorias de dor e para aprender a respeitar a dor do outro, temos que respeitar a nossa. Seja qual for a dor, tenha humildade o bastante para procurar a juda e alguém que atenda a sua demanda.
JA – A família é um esteio à dor?
CAS – Não poderia generalizar, há controvérsias. Posso falar da minha: amo todos eles, aprendia a amá-los, sinto e sei que sou amado. Sempre me acolheram nos bons e maus momentos. O que hoje me deixa feliz é que nosso núcleo básico está amadurecendo e eu pressinto que estamos trilhando rumo ao amor incondicional.
JA – Acredita que as pessoas estão buscando mais um encontro com Deus?
CAS – Não sei se é apenas um modismo, mas, parei numa banca de revistas e paginei todas que estavam expostas ali, desde publicações destinadas aos altos executivos até aquelas que tratavam de temas como cosméticos e estética. Elas continham o tema como matéria de capa, ou no mínimo um artigo abordando o assunto. Isso é interessante. Nós não nascemos prontos, nem espiritualizados, mas é inata a nossa condição a caminhada nesse sentido, e entendo que a maneira mais interessante de fazer essa jornada – e isso não quer dizer que será mais fácil -, é tentar eliminar os obstáculos chamados dogmas.
JA – Que livro indicaria aos nossos leitores?
CAS – Saindo da área técnica, sugiro A Conferência dos Pássaros, de Farid Ud-Din Attar, poeta persa do século XII. Já que estamos retomando a noção de espiritualidade atualmente, penso que se trata de uma obra básica para quem está na verdadeira busca.
JA – Como curte seu lazer?
CAS – Ouvindo música, muita música. Adoro MPB, com tudo que ssa sigla comporta. Não deixo de ouvir os rocks internacionais de autores como Tom Waits, Keith Richards, Elvis Costello, David Byrne e outros, além dos clássicos do Blues e gente nova como Cassandra Wilson. Também ouço os clássicos. Me pegam pela sonoridade, não sou um conhecedor do gênero.
JA – Uma mensagem
CAS – “Sentimentos extremos são difíceis de aceitar. Principalmente quando os encontramos não nos outros, mas em nós mesmos” (José Castello).