Há um entendimento filosófico que considera serem as lágrimas extremamente tóxicas, motivo pelo qual elas devem ser eliminadas.
Sou partidário dessa corrente de pensamento e estou sempre aconselhando meus amigos a chorarem de vez em quando. Completo tal conselho recomendando que não arranjem motivos tristes para chorar. Assim é que recomendo que chorem de alegria, de emoção ou de sentimentos.
Numa rodinha de bate-papo, um amigo me instigou afirmando que ele não ficava triste e não acreditava no choro de alegria. Sendo assim, ele me garantiu estar fazendo mais de 20 anos que não verte nenhuma lágrima. Pensei comigo: "ele deve estar totalmente envenenado!…"
Nestes dias, tenho chorado bastante, porque morreu meu querido cunhado Daniel, marido de minha irmã Loyde. Casados há 55 anos, ele tinha 80 anos e ela tem 75. Acompanhei a vida deles desde quando se conheceram e eles se casaram em 1947, quando eu tinha 12 anos.
Ele era uma fortaleza de saúde e disposição física e espiritual. Amaram-se, ele e minha irmã, a vida toda e, nestes últimos 3 anos, não estando ela bem de saúde, ele se desdobrou em esforços para ampará-la, confortá-la e acompanhá-la nos cânticos da Igreja Presbiteriana e nas peripécias do penoso tratamento dela.
A gente tem que gostar de uma pessoa assim, de um "irmão" assim. E tem que sentir ter ele dado a todos a maior das surpresas: aquela de se ir rapidamente, repentinamente, com um mínimo de sofrimento, tal como somente são merecedoras as pessoas justas e boas.
Todos vocês, meus leitores, sabem quase tudo de minha vida e hoje já puderam perceber como estou.
Hoje estou triste. Não tenho nada hoje prá contar que faça alguém rir.
Dedico à memória do Daniel um rio de minhas lágrimas e um capítulo inteiro de minha vida.