“Canal Direto com a Prefeitura” mergulha nos fatos e lendas que compõem a história de Araraquara

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Programa desta segunda-feira (14) contou com a participação do gerente de Documentação Histórica, Museus, Bibliotecas e Acervos, Gustavo Ferreira Luiz

Programa produzido pela Secretaria Municipal de Comunicação, o “Canal Direto com a Prefeitura” desta semana presta homenagem à cidade de Araraquara, que comemora seus 206 anos de fundação na próxima terça-feira, dia 22 de agosto. A edição desta segunda-feira (14) contou com a participação do gerente de Documentação Histórica, Museus, Bibliotecas e Acervos, Gustavo Ferreira Luiz, que falou sobre os fatos que ajudam a contar a história da cidade e as lendas que povoam o imaginário popular.


Os Britos e a serpente da Matriz

Gustavo destacou que a história mais famosa de Araraquara diz respeito ao linchamento dos Britos, ocorrido em 1897. “Eu acredito que o episódio dos Britos norteou a história de Araraquara. Aconteceu no final do século 19 e a partir dali influenciou até no nosso comportamento, no desenvolvimento da cidade. Então eu considero o episódio um dos mais relevantes, mas a cidade teve muitas outras histórias importantes”, comentou.

Segundo ele, a partir das histórias reais é que surgem as lendas. “A história dos Britos é um fato que aconteceu e a partir dele, por exemplo, tivemos a lenda da serpente da Igreja Matriz, que dizem que nasceu do fruto do ódio de todas aquelas pessoas que participaram do linchamento. Tem ali também a estátua da águia, que está pronta para devorar a serpente a partir do momento em que ela sair do fundo da igreja para destruir a cidade”, acrescentou.

Pelé e Sartre em Araraquara

Gustavo citou uma outra lenda surgida em Araraquara que teve início com base em uma história real. “Eu, por exemplo, lido muito com o esporte. Quem me conhece sabe o quanto eu sou torcedor da Ferroviária. E em 1960 teve um jogo entre Ferroviária e o Santos do Pelé e a Ferroviária ganhou por 4 a 0. Nesse mesmo dia que teve o jogo, o Jean-Paul Sartre participou de uma palestra aqui em Araraquara sobre o existencialismo, lá onde hoje é a Casa da Cultura, antiga Faculdade de Filosofia. Esse é o fato, essa é a história. A estória é que a delegação dos Santos, descendo a Rua Três naquela época, encontrou com o Jean-Paul Sartre no centro da cidade. E a tarde terminou com o Pelé e o Jean-Paul Sartre tomando um cafezinho ali na esquina. Essa é a estória. É bem curioso porque são lendas que surgem a partir dos fatos reais”, salientou.

Oitis contra a febre amarela

O historiador destaca que há outros detalhes da cidade que trazem histórias inusitadas que a população em geral desconhece. “Se pegarmos a Rua Cinco, temos o Boulevard dos Oitis. Tem uma razão de ter aqueles oitis ali. Também no final do século 19, muitas pessoas morriam de febre amarela e não se entendia como essa doença era transmitida. Os oitis foram plantados para purificar o ar e essa era uma maneira de conter a disseminação da doença porque ainda não tinham o conhecimento que era um pernilongo que transmitia. No último sábado foi reinaugurado o MAPA, que é o Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara. Temos o MAPA porque Araraquara é um sítio paleontológico. Foram encontradas pegadas de dinossauros aqui na região de Araraquara. Esse é um fato histórico, pré-histórico na verdade, e é por conta disso que temos o museu. Aliás, todos os museus da cidade contam histórias espetaculares”, assegurou.

Fantasmas no Casarão do Bela Vista e na Fonte Luminosa

Gustavo também lembrou das histórias que cercam o antigo casarão do Assentamento Bela Vista. “O casarão pertenceu ao coronel Antônio Joaquim de Carvalho, que foi assassinado pelos Britos. De novo os Britos na história da cidade. E até tem um fato curioso, pois se criou essa história de que o casarão era mal-assombrado e teve uma senhora, lembro que se chamava dona Rosa, que era caça-fantasmas. Ela não é daqui de Araraquara, mas ficou sabendo e foi lá visitar o casarão para ver se encontrava os fantasmas. Veio ela e um assistente e ela disse que encontrou os fantasmas. Na ocasião, foi uma equipe de reportagem com ela para acompanhar todo o trabalho e alguém sugeriu que ela fosse visitar o estádio da Ferroviária, porque a Ferroviária estava rebaixada na época, para exorcizar o que tinha lá. Isso foi por volta de 2014 e a Ferroviária subiu em 2015. Naquele mesmo dia, ela terminou lá no casarão e foi lá no estádio. Ela passeou pelos túneis e encontrou fantasmas ali também. Talvez quem souber disso vai até ficar com medo de andar nos túneis do estádio, mas é tranquilo, eu trabalho lá, não tem problema nenhum. E no casarão também, porque eu já visitei o casarão algumas vezes, já entrei lá dentro do casarão e não encontrei o coronel, só morcegos mesmo”, brincou Gustavo.

A história e as novas tecnologias

Gustavo fez uma análise sobre a maneira como as novas gerações têm conhecimento sobre a história de Araraquara. “Acho que existe uma maneira diferente hoje de as pessoas adquirirem o conhecimento. Primeiro vai muito da curiosidade. As crianças hoje têm o celular na mão, tem o tablet, tem o Google. Hoje a informação é fornecida com muito mais facilidade do que há tempos atrás. Isso é fato. Mas eu, como gerente dos museus e da Biblioteca Municipal, posso dizer que os nossos espaços da cultura são uma fonte de conhecimento. E então, até por conta do final da pandemia, a nossa vida voltou ao normal e aumentou a visitação desses espaços pelas escolas, pelas entidades, pelas pessoas que estão passando pelo local em geral”, revelou.

Ele apontou que cada museu de Araraquara tem a sua particularidade. “Temos o Museu Ferroviário, que conta a história da ferrovia, como a cidade se desenvolveu a partir da chegada da ferrovia. Temos o Museu da Imagem do Som, com um acervo enorme de discos. Temos o nosso Arquivo Histórico com registros históricos da cidade, temos o Museu Histórico e Pedagógico, que é um museu bastante eclético, temos o MAPA, que acabamos de falar, e temos o Museu do Futebol, que conta a história da Ferroviária principalmente, mas não fica preso só à Ferroviária, mas ao esporte de Araraquara em geral, as equipes amadoras, as outras modalidades. Então, em algum momento, vamos contar uma história de Araraquara nesses nossos espaços”, mencionou.

História sem fim

Outro ponto abordado pelo gerente é que a história continua a ser escrita nos dias de hoje. “A história tem começo, tem meio, mas ela nunca tem fim. Hoje estamos construindo uma história que daqui a pouco vai se tornar passado. Sempre falamos que no museu não tem só coisa velha. Quando recebemos crianças no museu, a primeira coisa que pergunto é se sabem o que é um museu e elas dizem que é um lugar que tem muitas coisas velhas. E falamos que não precisa ser algo velho para estar no museu. Tem coisas que já fazem parte da nossa história, embora sejam novas ainda”, observou.

Ele citou outro exemplo dessa situação. “No Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria temos um computador lá que já é relíquia. Temos a chamada sala das tecnologias, então tem telefones, tem computadores, tem equipamentos da CPFL, entre outras coisas, e vemos que o computador é coisa do presente, mas também já é do passado. Já é história”, reforçou.

Inventário Participativo

Garantido na Constituição Federal, o Inventário Participativo é um instrumento importante para identificar e documentar os bens culturais que representam as diversidades e pluralidades culturais existentes na sociedade. Entende-se por Patrimônio Cultural o conjunto de bens culturais produzidos por uma sociedade, seja de natureza material ou sensível, como por exemplo, edificações, objetos, manifestações e celebrações, festas, ritos. Ou seja, tudo aquilo que os seres humanos tornam passível de apreensão e compartilhamento.

O Inventário Participativo pode ser acessado pelo link https://araraquara.sp.gov.br/governo/secretarias/cultura/inventario-participativo/inventario-participativo, onde o internauta pode sugerir complementos ou mesmo atualizações de dados.

Ao vivo

O “Canal Direto com a Prefeitura” vai ao ar de segunda a quinta-feira, às 12h30, na página da Prefeitura no Facebook. A íntegra dos programas continua disponível para visualização no próprio Facebook e em outras plataformas digitais, incluindo o formato de podcasts.

 
SECRETARIA MUNICIPAL DE COMUNICAÇÃO
PREFEITURA DE ARARAQUARA

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