(Ricardo Luiz Veiga Lopes)
Quando pequenos, os irmãos brigam frequentemente, na disputa de brinquedos ou de outros motivos, os menores geralmente com desvantagem. Isso é uma espécie de jogo e aprendizagem, através dessa convivência, os maiores vão criando autoconfiança e desejo de proteger os irmãozinhos menores, enquanto estes aprendem a ceder e confiar na proteção dos mais velhos. Quando os filhos são numerosos, a aprendizagem ocorre automaticamente, ou com menor interferência dos pais. Entretanto, quando o número de filhos é reduzido, ou quando os pais não são esclarecidos, interferem constantemente no relacionamento dos filhos:
– Não tome as coisas dele! Empreste o seu brinquedo! Não vê que ele é ainda pequenininho?
Mas a criança não se convence: "Por que tenho sempre de ceder e aturar as exigências de meu irmão menor?". Não adianta a adulação com que a mãe procura consolá-la: "Você já é grandinho, já é um rapazinho".
As repetidas interferências acabam criando uma profunda insatisfação no coração da criança.
A criança é forçada a ser "boazinha" aparentemente, mas a insatisfação acumulada não contribui para um bom caráter. Impossibilitado de desenvolver o sentimento de proteção. Na escola esta criança tende a perseguir os mais fracos e tímidos.
Por outro lado, o filho menor na escola torna-se alvo fácil de perseguição dos mais fortes. E pode tornar-se um perseguidor dos que forem mais indefesos.
Tudo isto é resultante da falta de aprendizagem sobre relacionamento humano dentro do lar. A criança é imatura tanto no trato com amigos mais fortes quanto mais fracos que ela.
Não interfira na briga de filhos pequenos. Elogie, por outro lado, aquele que souber ceder e proteger os menores.
Procure mostrar que ceder e dar são atos maravilhosos, e não comportamento covarde ou vergonhoso.
(Engenheiro e preletor da filosofia "Modo feliz de viver" da Seicho-No-Ie)