Jorge Rufino, educador de maracatu das Oficinas Culturais da Prefeitura e integrante do Maracatu Sementes Crioulas de Araraquara, explica que trata-se de um encontro nacional. “O Encontro Baque Angola é da Nação Leão da Campina, ou seja, quem o criou foi a própria nação que fica em Recife-PE. Nós somos um grupo filho da nação, ou seja, fomos batizados, seguimos os fundamentos da nação e recebemos pelo menos uma vez no ano o mestre na cidade para continuar com os ensinamentos. Conseguimos organizar neste ano o encontro junto com o nosso aniversário, por isso ficou uma coisa dentro da outra e uma programação bem completa”, salienta.
Jorge, que também é o organizador do evento, destaca que o encontro é um reconhecimento pelo trabalho do Sementes Crioulas. “Estamos há cinco anos dentro da comunidade, ensinando as pessoas, acolhendo crianças, acolhendo famílias, dando acesso à cultura para esse pessoal, levando as pessoas para os passeios. Para nós é um reconhecimento, mas principalmente uma forma de trazer a cidade mais para a periferia, por isso quisemos fazer a festa na periferia e não no Centro. Até tínhamos locais para fazer no Centro, mas preferimos dessa forma porque a proposta é levar o povo do Centro para a periferia, como acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde as pessoas vão para as favelas para curtirem um samba, curtirem hip-hop, sarau, entre outras coisas. Em Recife é muito normal as pessoas subirem o morro para tocar maracatu. Por isso, gostaríamos que em Araraquara o povo do Centro também fosse para a periferia para participar de uma grande festa de cultura popular. Esse é o grande valor de tudo isso que estamos fazendo”, acrescenta.
A programação
A programação terá início na sexta-feira (2), às 20h, com o “Esquenta! Pré-encontro”, que contará com show com Coco de Besouro Mangangá no Bar Quintal do Bigode (Rua Voluntários da Pátria, 2380). “O Coco de Besouro Mangangá no Bar do Bigode é um grupo cultural de Recife que tem em torno de dez anos e tem um trabalho muito diferente, pois é um samba de coco juremado, uma tradição diferente do coco praiano que a maioria das pessoas conhece. É um grupo de aproximadamente dez pessoas, com uma percussão bem forte, que tocará no palco junto com os nossos batuqueiros, que também são da nação. Será bem legal e com essa pegada do juremado. Para quem não conhece, o juremado vem da jurema sagrada, então tem um fundamento dentro da tradição do povo africano, mas principalmente do povo indígena, porque a jurema é uma religião dos índios”, salienta Jorge.
No sábado (3), a recepção e credenciamento será às 8h no Espaço Quilombo Rosa. Das 9h40 às 12h, será realizada a primeira parte da Oficina de Maracatu com o Mestre Hugo, que comandará a segunda parte das 13h30 às 17h. Ainda no sábado, também no Quilombo Rosa, será realizada a festa “Noite Cultural – 5 anos de Maracatu Sementes Crioulas”, que terá início às 19h com o Maracatu Sementes Crioulas de Araraquara. A celebração terá sequência com Coco de Besouro Mangangá de Recife-PE (20h), roda de samba do projeto “A Roda” de Araraquara (21h) e Encerramento da Noite Cultural (22h). Haverá ainda feira de artesanato e comidas típicas.
No domingo, às 9h, o Quilombo Rosa receberá a roda de conversa com Mameto Nadja de Kaiangu, que falará sobre trabalho cultural em periferias, religiosidade, tradição, entre outros temas. Das 10h às 12h, será realizado o Cortejo de Maracatu, enquanto o Encerramento do Encontro Baque Angola está marcado para as 14h. “O cortejo passará pela Zona Norte, pelo bairro do Valle Verde, com todos os batuqueiros, ala de dança, e vamos receber outras instituições da cidade como o Centro Afro, do COMCEDIR e lideranças de casas religiosas, então a ideia é de ser um grande cortejo”, conclui Jorge.
Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (16) 99373-8999 e (16) 99738-9752. Conheça mais sobre o grupo Maracatu Sementes Crioulas no Instagram pela conta @maracatusementescrioulas.
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