Amigos em primeiro lugar

Marilene Volpatti

Conhecemos uma pessoa há anos. Nos damos maravilhosamente. Segredos não existem entre nós. Mas, seria uma ligação saudável?

De que maneira reconhecer uma pessoa acomodada? É simples. Em festas, por exemplo, é sempre a mais bem arrumada dando a impressão de ser o centro dos acontecimentos.

A realidade, porém, é bem outra. Dificilmente essa pessoa aceita convite de amigos de trabalho para um drinque. Sua única alternativa é pegar o telefone e ficar de papo com a amiga. Trabalhar é o que mais gosta, só não demonstra interesse em viagens para negócios. Se for indagada o que fez no último final de semana com certeza irá dizer que esteve em reuniões de amigos. Programa que segue fazendo há anos.

Dividido

Mauro era o tipo de pessoa super acomodada, até perceber o que realmente significa isso. Possuía alguns amigos íntimos. Viviam grudados, saindo juntos todos finais de semana, feriados, carnaval e viagens de recreio. Não mais que de repente conheceu Carla. Ela não se dava bem com o grupo de amigos dele. Ele por sua vez começou a duvidar do sentimento que nutria por Carla.

“Quando parei para pensar melhor no assunto, notei que era a primeira vez que me encontrava dividido entre os amigos e a namorada. Sempre ficava com os amigos pois era muito mais fácil fazer programa com eles do que com a garota. Só que agora era diferente. Eu sabia que queria ficar com Carla. Essa foi minha opção. Carla acabou me confessando que eu era muito mais autêntico longe dos amigos”, contou Mauro.

Depois desse episódio é que Mauro percebeu o quanto lhe foi negativo viver sob o cobertor de segurança que os amigos lhe proporcionavam.

Existem dias em nossas vidas que nos sentimos incapazes de lidarmos com coisas que não sejam as familiares. Só que não pode acontecer sempre. Se isso estiver acontecendo com algum indivíduo só há um motivo: o medo da rejeição. Isso traz vantagens e desvantagens, afirmam os analistas.

– A vantagem é do indivíduo se refugiar em sua casa, por exemplo, e extrair uma satisfação enorme de seu dia-a-dia.

– A desvantagem é ficar preso nessa mesma casa aconchegante e confortável, mesmo quando ela não mais lhe trouxer satisfação.

Pessoas que agem assim têm medo de expor sua alma ao julgamento de outras pessoas.

Ampliar horizontes

Você sabe que para seu bem, precisa sair mais, ampliar seu campo de amizade, correr riscos e aceitá-los – embora o dia-a-dia seja prazeroso. É gostoso ficar em casa, ver fita no vídeo, ler um bom livro no balanço da rede.

São exatamente essas atividades que as pessoas usam para se justificarem cada vez que não aceitam um convite para sair. Falam para si mesmas, “por que procurar sarna para me coçar. Fiz muito bem em não demonstrar interesse por aquele homem que sorriu para mim e que mora pertinho de casa. Rico como é, só pode ter mil mulheres em cima dele”.

O indivíduo acomodado gosta de ter por perto apenas as pessoas que ele conhece e aprecia. A proximidade permite que ele se sinta seguro-protegido mas, ao mesmo tempo, impede que ele se desenvolva.

Evidentemente que isso não vai fazer de nós criaturas impetuosas. Tudo tem seus limites. Ser acomodado só é negativo se for ao extremo. É o que os psicoterapeutas chama de personalidade fóbica. Geralmente são associados medos isolados, irracionais, como por exemplo: medo de elevador! Como pode, também, ser mais generalizado, isto é, necessidade de transformar o seu mundo num lugar seguro, carinhosos que não lhe traga riscos.

As mais atingidas

Geralmente as mais atingidas são as mulheres. Se apoiam mais em amigas que os homens. Com isso deixam de viver, deixam passar o tempo e perdem a oportunidade para novos relacionamentos amorosos e coisa que o valha.

Evidentemente que não está se dizendo aqui, para invalidarmos as sessões de fofocas, as noites aconchegantes dentro de casa com um belo filme de vídeo e um copo de bebida preferida ou a noitada de jogo de cartas. Afinal de contas, precisamos sentir que somos indivíduos integrados, que pertencemos a algum lugar. Mas se percebermos que o manto da segurança está a ponto de nos faltar o ar, vamos dar um chega pra lá e veremos que o sol nasceu para todos, e que nem por isso o mundo irá desabar. É só ter coragem e enfrentar o desconhecido. Sem sentir o desconhecido não crescemos. Não crescendo, não enfrentamos desafios. Não enfrentando desafios, não temos porquê viver.

Serviço

Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.

Compartilhe :

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Nesta sexta-feira tem show no Sesc Araraquara

Padre Nelson celebra 33 anos de vida sacerdotal

Via Expressa: obras seguem com alargamento do córrego do Ouro e recuperação da tubulação do Servidão

Show neste domingo no Sesc Araraquara

Brinca’ki neste final de semana no Sesc Araraquara

CATEGORIAS