Abandono do antigo Instituto Psiquiátrico da Vila Xavier

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Luigi Polezze

O antigo Instituto Psiquiátrico da Vila Xavier tem sido fonte de transtornos para os moradores há anos. Quem vive nas proximidades pode testemunhar como o espaço é mal administrado, e faz tempo, com reclamações sobre mato alto, presença de animais peçonhentos, pessoas em situação de rua e dependentes químicos.

O local carece de manutenção adequada, com acúmulo excessivo de lixo e até mesmo um buraco na grade que facilita o acesso ao antigo instituto. Apesar de ter pertencido à Prefeitura de Araraquara, o espaço era alvo constante de críticas e reclamações. Em dezembro de 2022, foi vendido para a empresa Marcio Francisco do Nascimento & Cia. Ltda, sediada em Descalvado, cuja atividade principal é o aluguel de estruturas temporárias, excluindo andaimes.

Na época, o vereador Lineu Carlos de Assis comentou sobre a venda do imóvel com um desconto de 40%. Avaliado em R$ 2.635.949,40, foi arrematado em leilão por R$ 1.581.569,64. Recentemente, o vereador Marcos Garrido visitou o local (em abril de 2023), para obter mais informações, constatando que, mesmo após mais de seis meses sob a responsabilidade do novo proprietário, seu estado de conservação não melhorou.

Ao conversarmos com os moradores do entorno, eles relatam suas preocupações.

Maria comenta sobre o acesso: “aqui é fácil para entrar, o maior perigo são as crianças das escolinhas que vem aqui e entram por brincadeira besta. Qualquer dia uma vai sair machucada.”

Tereza já diz que “para mim não importa que fim dê isso aí, eu só quero que feche tudo para colocar ordem na casa. É muito perigo isso daí.”

Por fim, Ana fala sobre a proximidade com o Centro de Artes Judith Lauand: “o Instituto é um símbolo de medo aqui né, criançada que vêm aqui no centro tem medo do que pode ter ali dentro. Nem eventos podemos fazer direito, a gente tem que estar sempre esperto com o que tem aqui ao lado.”

Em busca de mais informações sobre o destino do imóvel, o JA entrou em contato com os compradores, mas, até o fechamento desta edição, não obteve resposta. Será que ficará fechado (abandonado), para especulação imobiliária?

O fato que constatamos: a Prefeitura não cuidava do imóvel – que estava abandonado -, vendeu a preço camarada, para, então, deixar o imóvel no abandono, agora, nas mãos de particulares? Qual o sentido disso? A função social da propriedade (prevista na nossa Constituição) era ignorada pelo poder público e, agora, passa a ser ignorada por particular? Será que testemunhamos repetição de descaso com espaço urbano, como sucede com os antigos Tropical Shopping e Santo Antonio Supermercado? Apenas para citar os casos mais graves da cidade, dentre tantos outros.

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