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A Quadratura do Círculo

Reginaldo Galli (*)

1- Escreve-me um amável leitor: “Sou funcionário público aposentado. Cheguei ao degrau mais alto de minha carreira e, cumpridos trinta e cinco anos de trabalho, tendo feito Faculdade e freqüentado todos os cursos exigidos, recebo, mensalmente, já descontado o I.R., R$ 2700,00 (dois mil e setecentos reais). Segundo a imprensa, terei brevemente aumento de 1%, ou seja, cerca de R$ 27,00 (vinte e sete reais), após oito anos de estagnação financeira. Minha empregada doméstica, mais “sortuda” que eu, passou de R$ 200,00 para R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais), afora as despesas obrigatórias e regalias de praxe. Somente aí, ferraram-me em R$ 13,00 (treze reais). Não inteiramente saciado, o Governo, através da Previdência, promete tributar os inativos, aplicando-lhes a taxa de 11% sobre o que exceder R$ 1058,00 (mil e cinqüenta e oito reais), desfalcando-me, assim, de aproximadamente mais R$ 170,00 (cento e setenta reais), que tanta falta me farão, aos setenta e dois anos de idade. Pergunto-lhe, prezado professor, se não era melhor ter ficado tudo como estava, em vez de tantas mudanças contra a gente? Li o que o senhor escreveu e me animei a aborrecê-lo, embora sabendo que nada pode fazer.”

Caro M.J.A. : como dizia meu avô, “desengano da vista é furar os olhos”. A matéria ainda está em discussão. Procure sua Associação, seu Sindicato ou o político que recebeu seu voto e o de seus familiares. Há milhões de brasileiros inconformados, dispostos a protestar. De minha parte, espero ter colaborado para veicular suas decepções e alertar a classe política : 2004 vem aí !!!

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2- A sempre gentil Maria Helena gostou dos meus “espinhos” e remete hilária minuta de Medida Provisória. Alerta que desconhece o autor. Eis parte do texto: “Tendo em vista a idade mínima estabelecida para aposentadoria (65 anos) propõe-se que empresas e repartições públicas adotem as seguintes providências: 1) transformem as escadas em rampas dotadas de corrimão não escorregadio, para circulação através de cadeiras de rodas; 2) comprem lentes de aumento para os servidores mais antigos; 3) aumentem o tamanho dos terminais de vídeo para, no mínimo, 27 polegadas; 4) acrescentem porta-bengalas em todas as mesas de trabalho; 5) adquiram despertadores individuais para o caso de sono diurno; 6) instalem uma UTI geriátrica dotada de fraldões, papagaios, comadres, marca-passos, anti hipertensivos, meias elásticas e todos os demais recursos médicos para o atendimento de idosos; 7) deixem de considerar como tais e, portanto, de descontar as faltas funcionais cometidas em decorrência de esquecimento do local de trabalho ou de como ele deve ser feito, falta de ar, incontinência urinária, dores nas costas ou nas juntas, zumbidos estranhos e comparecimento aos funerais de colegas próximos da aposentadoria”. Maria Helena, permita-me acrescentar: 8) providenciem a adequação de espaços amplos e saudáveis, supervisionados por especialistas, para diversão ou estudo de netos menores de 15 anos; 9) dispensem o pessoal, durante pelo menos meia hora em cada turno, para a prática de crochê, tricô, dominó, truco, palavras cruzadas, jogo-da-velha, trinca ou qualquer outra atividade não estressante.

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3- Aos dois missivistas e a quantos me distinguem com a lisonjeira atenção para este espaço, algumas informações que lhes podem ter escapado: os assalariados pagaram, em 2002, CINCO VEZES MAIS Imposto de Renda do que os Bancos.

Trabalhadores tributados na fonte: R$ 26,94 bilhões;

Bancos e Instituições Financeiras: R$ 5,70 bilhões.

Ainda sobre o ano passado: das três faixas salariais – baixa, média e alta – a contribuição para o Imposto de Renda foi:

Baixa (até R$ 2000,00) 9,75%

Média (de R$ 2000,01 a R$ 10000,00) 63,85%

Alta (acima de R$ 10000,00) 26,40 %

Os dados são do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.

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4- “A MP 107 ressuscitou o Refis, acena com o perdão de dívidas com o INSS e aumenta impostos. No início, o PT falava em tirar um naco extra, anual, de até R$ 4 bilhões dos bancos… Era o velho PT de guerra contra o sistema financeiro. Os bancos argumentaram que o mercado ficaria desestabilizado (sic). Sensível, o PT mudou de idéia. A saída foi aumentar de 3% para 4% a alíquota da Cofins cobrada dos bancos. Assim, banqueiros não colocarão a mão no bolso. Esse ponto percentual a mais será repassado automaticamente para os clientes. Na última eleição (…) os bancos apareceram pela primeira vez, nas prestações de contas oficiais, entre os maiores doadores dos deputados federais petistas eleitos por São Paulo. O pragmatismo do PT anda numa velocidade difícil de acompanhar.” Fernando Rodrigues, in Folha de S.Paulo, 19/05/2003, página A2.

(*) r.galli@uol.com.br é colaborador do JA.

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