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A ingratidão

João Baptista Galhardo

Ingrato é todo homem que não reconhece um benefício. É um desagradecido. A ingratidão é um sentimento mesquinho para o qual não se encontra explicação. Todos nós conhecemos pessoas mais e pessoas menos ingratas. Cícero dizia que o homem ingrato não é digno de receber os raios do sol. É da própria natureza, o homem reagir com ingratidão as benesses que recebe. A ingratidão é a mais nojenta cicatriz de caráter. Despreza e apedreja hoje quem beneficiou ontem. Pessoas que são apoiadas, assistidas, socorridas, auxiliadas e amparadas, mas que se esquecem com facilidade as beneficências de que foram objeto. Por qualquer motivo se voltam contra aqueles que os ajudaram, e até mesmo com mentiras, procuram prejudicá-los, como necessidade de justificar seu condenável comportamento. Há muito se diz que a ingratidão é doença dos fracassados e dos infelizes. Samuel Leibowitz, famoso advogado criminalista americano, antes de se tornar juiz, salvou setenta e oito homens da cadeira elétrica, e lamentava não ter recebido de nenhum deles, sequer um cartão de Natal. Um milionário americano presenteou um parente com um milhão de dólares. Mas o agradecimento do beneficiado durou pouco, pois uns meses depois o benfeitor faleceu, e para surpresa do agraciado, ele deixara 300 milhões de dólares para entidades filantrópicas, o que levou o recebedor do “mísero milhão”, a excomungá-lo e desejar-lhe o inferno. Recentemente assisti um gesto de ingratidão. Um cidadão recebendo intimação para pagar um cheque sem provisão de fundos, procurou saber quem levara o título à protesto, e quando soube de quem se tratava, disse : “esse cara não presta, faz tanto tempo que ele me emprestou esse dinheiro e agora quer receber”. Eu lhe perguntei se o credor havia lhe cobrado juros. Ele disse que não….mas depois de tantos meses, pensei que não cobraria mais. É dessa forma. O credor perdeu o dinheiro, o amigo e por certo será alvo de calúnias e mentiras. Cristo, vítima das maiores ingratidões, caminhava para Jerusalém. Quando passava entre Samaria e a Galiléia e pronto para entrar num povoado, dez leprosos, de longe, gritaram, suplicando-Lhe a cura. Todos foram curados e apenas um voltou e Lhe agradeceu de joelhos. Então Cristo perguntou: não foram dez os curados? Onde estão os outros nove? Sentiu Jesus, a ingratidão daqueles que partiram sem agradecer. E disse ao samaritano agradecido: “Levante e vá. Sua fé o salvou” (Lucas, l7:11-19). É assim mesmo. Qualquer um pode ser ferido com a ingratidão. Não sofrer com ela é que devemos aprender. É um aprendizado difícil. Mas não impossível. A decepção é sempre proporcional ao que se espera. É a maior ou a menor expectativa que nos faz sofrer mais ou menos. Por isso, faça o que puder sem esperar gratidão de quem quer que seja. Quando a ingratidão lhe ferir ou quiserem com ela lhe atormentar, não ligue. Ore para ter a força da desculpa e a caridade do perdão. Agora, conviver com o ingrato… Fica aí a reflexão.

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