A Cultura em Diálogo

Profª Teresinha Bellote Chaman

Bom dia… bom domingo… boa semana. Quero aproveitar a oportunidade para agradecer a todas as pessoas que nos encontram e elogiam esta coluna. Mas, por favor, o CELP – CENTRO DE ESTUDOS DA LÍNGUA PORTUGUESA – existe para ajudá-lo(a) a resolver todos os seus problemas com a Língua Portuguesa. Faça contato – celp@terra.com.br

Qualquer tempo é tempo.

A hora mesma da morte

é hora de nascer.

Nenhum tempo é tempo

bastante para a ciência

de ver, rever.

Tempo, contratempo

anulam-se, mas o sonho

resta, de viver.

(C.D.A)

Construa certo:

A polícia interveio no assalto e deteve os ladrões.

Observe a correlação verbal:

Se ele fosse mais gentil, seria muito bom.

Se ele fosse politizado, saberia em quem votar.

Substantivos do mesmo gênero, que se referem a seres do sexo masculino e/ou seres do sexo feminino:

O cônjuge – a testemunha – a vítima

Diga:

O eczema – o guaraná – a alface – a cal – a aguardente

Observe: mudando o gênero, muda também o significado:

O moral = ânimo / brio

A moral = conjunto de valores e regras de comportamento

Flexione certo:

Rapaz surdo-mudo.

Rapazes surdos-mudos.

Construa certo:

Ele é o mais bem-informado dos alunos.

E não

O melhor informado…

Este edifício é o mais mal-acabado de todos.

E não

O pior acabado…

Nada existe entre mim e ti.

Não há nenhuma acusação contra mim.

Não saia sem mim.

Não saia sem eu permitir.

Trouxeram livros para eu ler.

É um homem cujo trabalho merece aplauso.

Nunca coloque artigo depois do pronome relativo cujo.

É uma hora.

São duas horas.

é meio-dia.

São cinco para o meio-dia.

Hoje são três de março.

Mas: Hoje é dia três de março.

Flexione certo:

Cinco quilos é muito.

Dez minutos é muito tempo.

Duas horas é pouco.

A noite dissolve os homens

A noite desceu. Que noite!

Já não enxergo meus irmãos.

E nem tampouco os rumores

que outrora me perturbavam.

A noite desceu. Nas casas,

nas ruas onde se combate,

nos campos desfalecidos,

a noite espalhou o medo

e a total incompreensão.

A noite caiu. Tremenda,

sem esperança… Os suspiros

acusam a presença negra

que paralisa os guerreiros.

E o amor não abre caminho

na noite. A noite é mortal,

completa, sem reticências,

a noite dissolve os homens,

diz que é inútil sofrer,

a noite dissolve as pátrias,

apagou os almirantes

cintilantes! Nas suas fardas.

A noite anoiteceu tudo…

O mundo não tem remédio…

Os suicidas tinham razão.

Aurora,

entretanto eu te diviso, ainda tímida,

inexperiente das luzes que vais acender

e dos bens que repartirás com todos os homens.

Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações,

adivinho-te que sobes, vapor róseo, expulsando a treva noturna.

O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos,

teus dedos frios, que ainda não se modelaram

mas que avançam na escuridão como um sinal verde e peremptório.

Minha fadiga encontrará em ti o seu termo,

minha carne estremece na certeza de tua vinda

O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam,

os corpos hirtos adquirem uma fluidez,

uma inocência, um perdão simples e macio…

Havemos de amanhecer. O mundo

se tinge com as tintas da antemanhã

e o sangue que escorre é doce, de tão necessário

para colorir tuas pálidas faces, aurora.

Até ao próximo domingo.

Mande seu e-mail – celp@terra.com.br

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