Profª Teresinha Bellote Chaman
Ótimo reencontrá-los. Um final de semana repleto de paz e lazer.
Agradecemos as correspondências recebidas e os e-mails enviados ao CELP – CENTRO DE ESTUDOS DA LÍNGUA PORTUGUESA.
Hoje, se me permitem, inicio minha coluna escrevendo um pouco sobre o Prof. R. Leontino Filho.
Local de Atuação: Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, Campus Avançado de Pau dos Ferros. Formado em Letras pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, em Mossoró, no ano de 1984. Com Especialização em Língua Portuguesa pela mesma Universidade, em Mossoró, no ano de 1993.
Mestrado em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, curso concluído em Natal, no ano de 1997, com o trabalho "Sob o Signo de Lumiar: Uma Leitura da Trilogia de Sérgio Campos". Atualmente faz doutorado em Estudos Literários na UNESP, Campus de Araraquara/SP.
Veja a beleza de uma de suas poesias. Na próxima semana, tem mais.
SOMOS O POEMA
A dor pelos trilhos soltos
valsa na alma do indivíduo
que sangra todas as noites
feito um vigia sonolento.
Ela que se alimenta
na loucura do suicida
espreita o poema
e arma o circo da morte
porque seu remorso é antigo
e tomba frente à saliva do ar.
A dor, ausência do gosto,
assusta as horas
porque reparte fogos,
violência, frio e morte
sobre os vidros do medo.
Ela anda no mundo
floresce, e seu segredo
é desejar ser coletiva.
A dor chega,
e surge o poema.
"O pensamento
parece uma coisa à-toa,
mas como é que a gente voa
quando começa a pensar".
A linguagem no pensamento e na ação. (Hayakawa, S. I.)
Vivemos basicamente em dois mundos. Um deles – o dos acontecimentos – nos chega diretamente, por meio dos sentidos (visão, tato, audição, olfato e paladar) e ocupa apenas uma pequena parte de nosso repertório de conhecimentos. O outro – o das informações – é adquirido de maneira indireta, por meio dos pais, dos amigos, das escolas, dos livros, dos meios de comunicação, da internet. Essas informações nos chegam através de palavras. Por isso, pode-se afirmar que vivemos simultaneamente num mundo real e num mundo verbal.
A relação entre o mundo real e o mundo verbal é a mesma relação que existe entre um território e o mapa que o representa. Por mais bonito que seja um mapa, ele é totalmente inútil para o viajante se não mostrar exatamente a relação dos lugares entre si e a estrutura do território que representa. Se traçarmos, por exemplo, uma grande reentrância no contorno de um lago, só para que o desenho fique mais bonito, o mapa não terá nenhum valor. Mas se estivermos traçando um mapa apenas por diversão, sem dar nenhuma atenção à estrutura real da região representada, não há nada no mundo que nos impeça de acrescentar todos os arabescos e desenhos que quisermos aos lagos, aos rios e às estradas. O problema começaria se alguém planejasse uma viagem baseada nesse mapa.
O mesmo acontece com a linguagem. Por meio de relatos imaginários, podemos inventar "realidades" que nada têm a ver com o mundo concreto. Neste caso, também nenhum mal resultará, a menos que alguém cometa o engano de acreditar que tal "realidade" inventada com palavras representa, de fato, alguma coisa concreta e real.
Após a leitura do texto, você observa que:
– um mapa representa um território, mas não é um território;
– a linguagem representa a realidade, mas não é a própria realidade.
Reflita um pouco:
– a aquisição da linguagem exigiu de você um esforço extraordinário ?
– para Hellen Keller, surda, muda e cega, a descoberta da linguagem exigiu um esforço extraordinário. Leia um trecho de seu emocionante depoimento:
"Andamos pelo caminho do poço, atraídas pela fragrância das madressilvas que o cobriam. Alguém estava tirando água e a professora colocou minha mão debaixo da bica. Quando a corrente fria jorrou sobre minha mão, ela soletrou, na outra, a palavra água, primeiro devagar, depois rapidamente. Fiquei parada, toda a minha atenção fixa no movimento de seus dedos. De repente, senti uma obscura consciência como de algo esquecido – uma emoção de pensamento que retornava; e, de algum modo, o mistério da linguagem me foi revelado.
Soube então que á-g-u-a significava o algo maravilhoso e frio que escorria sobre minha mão. Aquela palavra viva despertou-me a alma, deu-lhe luz, esperança, alegria, libertou-a ! Ainda existiam barreiras, é verdade, mas barreiras que com o tempo poderiam ser removidas.
Deixei o poço ansiosa por aprender. Tudo tinha um nome, e cada nome deu à luz um novo pensamento. Quando voltamos para casa, todo objeto que eu tocava parecia tremer de vida. Isto porque eu via tudo com a estranha e nova visão que me sobreviera,"
Que dom maravilhoso o domínio da linguagem !
Vivemos rodeados de palavras. É preciso sabermos usá-las, para transmitirmos o que queremos, de verdade.
Ajudá-los a dominar a linguagem oral e escrita é um dos objetivos do CELP. Venha conhecer-nos.
"Justamente o único meio de criar homens
livres é educá-los: ainda não se inventou e
com certeza nunca se inventará outro".
Manifeste-se…
Mande seu e-mail – celp@terra.com.br
Ou envie correspondência para o JA.